Décimo filme (há
um spin-off) da
"saga" que começou narrando a história de uma gangue de LA que
roubava aparelhos de DVD, a série Velozes se transformou na
franquia mais lucrativa da Universal. Começou despretensiosamente. Vinte anos
depois, atravessou a última fronteira: o espaço. O que virá nos próximos
filmes, viagens intergaláticas? Se houver uma ponta da Helen Mirren, poderia
ser interessante...
Evitando uma trama
excessivamente complexa, erro comum de tantos filmes do gênero, o roteiro agora
nos apresenta o espião Jakob (Cena), irmão perdido de Dom (Diesel), que, nunca
antes citado, reapareceu com um plano terrível de dominação mundial (e podia
ser diferente?). Assim, Dom se vê obrigado a reunir seus colegas para uma
última (cof cof) missão, interrompendo a vida tranquila que iniciara ao lado de
Letty (Rodriguez).
Tendo comandado
quatro Velozes (seu último foi o eficiente sexto capítulo, em
2013), Justin Lin retorna para a direção após um hiato de dois filmes, com
a consciência de que aqui tudo precisa ser maior e mais grandioso. Um dos
responsáveis pelo rebranding da franquia, Lin agora encara seu
protagonista como um quase super-herói.
Por outro lado, vemos
novamente situações que já se tornaram clichê de tão usadas pela série, como os
famigerados personagens que voltam à vida. E, claro, a invasão de um
sistema enquanto uma barra de progresso mostra a ação, em pleno 2021. Desta
vez, no entanto, a tradicional conversão de um vilão em mocinho no terceiro ato
é perdoável, já que o carisma e energia infindáveis de John Cena merecem ser
aproveitados nas continuações.
Divertido ao fazer
piadinhas com seus próprios absurdos, o longa recria cenas, repete fórmulas e
introduz até mesmo uma hero's journey para Vin Diesel em meio
aos carros de ponta e efeitos visuais sem fim. A Universal reinventou sua
franquia e, agora, prefere não mexer em time que está ganhando. É sempre bom
ser prudente, especialmente numa indústria que raramente dá uma segunda chance.
Por Bernardo Argollo