quinta-feira, 24 de junho de 2021

Crítica: Velozes & Furiosos 9 (2021)













Dirigido por: Justin Lin. Roteiro de: Daniel Casey e Justin Lin. Fotografia de: Stephen F. Windon. Estrelando: Vin Diesel, Michelle Rodriguez, Tyrese Gibson, John Cena e Jordana Brewster.

Décimo filme (há um spin-off) da "saga" que começou narrando a história de uma gangue de LA que roubava aparelhos de DVD, a série Velozes se transformou na franquia mais lucrativa da Universal. Começou despretensiosamente. Vinte anos depois, atravessou a última fronteira: o espaço. O que virá nos próximos filmes, viagens intergaláticas? Se houver uma ponta da Helen Mirren, poderia ser interessante...

Evitando uma trama excessivamente complexa, erro comum de tantos filmes do gênero, o roteiro agora nos apresenta o espião Jakob (Cena), irmão perdido de Dom (Diesel), que, nunca antes citado, reapareceu com um plano terrível de dominação mundial (e podia ser diferente?). Assim, Dom se vê obrigado a reunir seus colegas para uma última (cof cof) missão, interrompendo a vida tranquila que iniciara ao lado de Letty (Rodriguez).

Tendo comandado quatro Velozes (seu último foi o eficiente sexto capítulo, em 2013), Justin Lin retorna para a direção após um hiato de dois filmes, com a consciência de que aqui tudo precisa ser maior e mais grandioso. Um dos responsáveis pelo rebranding da franquia, Lin agora encara seu protagonista como um quase super-herói.

Por outro lado, vemos novamente situações que já se tornaram clichê de tão usadas pela série, como os famigerados personagens que voltam à vida. E, claro, a invasão de um sistema enquanto uma barra de progresso mostra a ação, em pleno 2021. Desta vez, no entanto, a tradicional conversão de um vilão em mocinho no terceiro ato é perdoável, já que o carisma e energia infindáveis de John Cena merecem ser aproveitados nas continuações. 

Divertido ao fazer piadinhas com seus próprios absurdos, o longa recria cenas, repete fórmulas e introduz até mesmo uma hero's journey para Vin Diesel em meio aos carros de ponta e efeitos visuais sem fim. A Universal reinventou sua franquia e, agora, prefere não mexer em time que está ganhando. É sempre bom ser prudente, especialmente numa indústria que raramente dá uma segunda chance.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z, Warner Bros., Univesal Pictures e todos aqueles presentes na sessão de imprensa de Velozes & Furiosos 9, por acreditarem na experiência inesquecível de assistir um filme no cinema.

quinta-feira, 17 de junho de 2021

Crítica: Em Um Bairro de Nova York (2021)













Dirigido por: Jon M. Chu. Roteiro de: Quiara Alegría Hudes. Fotografia de: Alice Brooks. Estrelando: Anthony Ramos, Corey Hawkins, Leslie Grace, Melissa Barrera e Olga Merediz.

In the Heights (que título nacional ruim, né?) é o segundo filme do diretor Jon M. Chu que, apesar de reconhecer os méritos, aprecio moderadamente. O primeiro, Crazy Rich Asians (2018), inovou na representação de minorias ao mesmo tempo em que se estabelecia como uma comédia efetiva. Aqui, temos uma proposta parecida, só que em forma de musical.

Adaptado do espetáculo homônimo da Broadway, o roteiro não segue uma trama definida. Com a narração do jovem Usnavi (Ramos), acompanhamos as jornadas dos habitantes de Washington Heights, bairro nova-iorquino de população predominantemente latina. Assim, os personagens cantam sobre seus sofrimentos, anseios, dificuldades, desejos, e o que mais aparecer.

Esteticamente interessante, sem criar confusão visual, o projeto soa inchado em suas mais de duas horas de duração. Não dá para deixar de citar, claro, o plano envolvendo o reflexo de dançarinos na vitrine de uma loja (vocês reconhecerão imediatamente ao assistir), que certamente merece figurar em qualquer antologia de melhores momentos do Cinema em 2021. Quanto aos números musicais, estes variam entre o divertido, o tedioso e o intragável (Paciencia y Fe é particularmente ruim), comprometendo a consistência da trilha sonora. Falando em trilha, a participação de Lin-Manuel Miranda (compositor/letrista do musical original e produtor do longa) soa pouco inspirada e descartável, já que seu personagem não desempenha função alguma na narrativa, e além disso protagoniza uma constrangedora cena pós-créditos. 

Evoluindo na representatividade latina no cinema hollywoodiano, In the Heights infelizmente também invisibiliza outros grupos, já que não conta com um único personagem brasileiro ou afro-latino. A comunidade brasileira nos EUA tem quase meio milhão de habitantes, portanto é quase ofensiva a ausência de qualquer referência ou mesmo uma simples fala em português. De todo modo, o projeto convence pela entrega absoluta de todos os envolvidos, numa vibe escancaradamente política. Seria pedir muito um brasileiro na continuação?

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z, Warner Bros. e todos aqueles presentes na sessão de imprensa de Em Um Bairro de Nova York, por acreditarem na experiência inesquecível de assistir um filme no cinema.

terça-feira, 8 de junho de 2021

Crítica: Espiral - O Legado de Jogos Mortais (2021)

Dirigido por: Darren Lynn Bousman. Roteiro de: Josh Stolberg e Peter Goldfinger. Fotografia de: Jordan Oram. Estrelando: Chris Rock, Max Minghella, Marisol Nichols, Samuel L. Jackson.

Há 17 anos, um certo Jogos Mortais revolucionou o subgênero dos slasher films, introduzindo uma linguagem diferente ao mesmo tempo em que iniciava (claro) uma franquia. Sempre interessantes, mas nunca realmente memoráveis, os infindáveis capítulos da "saga" chegaram ao fim. O que fazer em seguida? Reboot, é claro.

Dessa forma, acompanhamos aqui o detetive Ezekiel Banks (Rock, sempre carismático), encarregado de investigar uma série de assassinatos com características bem familiares. Trabalhando à sombra de seu pai (Samuel L. Jackson, que rivaliza com Jason Statham o posto de ator mais typecasted da história do Cinema), Ezekiel acaba ficando bem no centro do jogo.

Mudando a estratégia pretérita, a direção aposta mais no mistério em si do que no horror, o que se revela uma péssima decisão, já que a investigação é confusa, cheia de furos e, claro, a estupidez dos detetives acaba com qualquer suspensão de descrença. Certos diálogos parecem até uma paródia dos cop films dos anos 1980, e a incerteza dos realizadores sobre qual rumo tomar desperdiça a boa química entre Jackson e Rock.

Num sinal óbvio de fadiga criativa, as cenas de tortura vistas aqui são bem menos inventivas do que as de capítulos anteriores, ao passo que a montagem apela para cortes excessivos que fracassam em gerar suspense. Nos Saw anteriores, ficava claro que havia chance de a vítima da "brincadeira" sair viva, ainda que lhe custasse seus membros, já aqui essa opção parece impossível. Não darei detalhes para evitar spoilers, mas, de todo modo... Seria uma metáfora do diretor para o estado desta franquia, que está fadada a morrer não importa o quanto se debata?

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z, Paris Filmes e todos aqueles presentes na sessão de imprensa de Espiral, por acreditarem na experiência inesquecível de assistir um filme no cinema.

terça-feira, 1 de junho de 2021

Crítica: Invocação do Mal 3 - A Ordem do Demônio (2021)








Dirigido por: Michael Chaves. Roteiro de: David Leslie Johnson-McGoldrick. Fotografia de: Michael Burgess. Estrelando: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Ruairi O'Connor, Sarah Catherine Hook e Julian Hilliard.

Maior e mais ambiciosa franquia de terror de todos os tempos, The Conjuring Universe abriga obras com resultados muito diversos, desde o pavoroso A Maldição da Chorona, passando pelo mediano Annabelle 3 até o sublime Invocação do Mal 2. Oitavo filme da série e segunda continuação do original de 2013, Invocação 3 foi comandado pelo mesmo Michael Chaves que dirigiu Chorona. Mais bem acessorado do que antes, o cineasta conduziu aqui um projeto eficaz, mesmo que sem a graça e energia que James Wan imprimiu nos capítulos anteriores.

Ambientado em 1981, quatro anos após os eventos de Invocação 2, o roteiro acompanha o casal Ed e Lorraine Warren enquanto investigam o notório assassinato cometido pelo jovem Arne Johnson, que alega ter estado possuído quando cometeu o crime. O filme abre-se com uma sequência eletrizante que, embora aqui e ali apele para os famigerados jump scares, consegue estabelecê-lo como um evento suntuoso. Um blockbuster de terror.

De cara, já temos uma novidade. É o primeiro longa sobre os Warren que não é sobre uma casa assombrada. Isto abre novas e interessantes possibilidades, já que a química de Vera Farmiga e Patrick Wilson consegue vender a história, independente da opinião que o público possa ter sobre a veracidade dos casos por eles investigados. O que nos traz à segunda novidade: é a primeiro Invocação que possui uma vilã humana (mais sobre isso daqui a pouco).

Embora competente em seus aspectos técnicos, o projeto lança mão de uma fotografia menos inventiva que seus predecessores, apostando numa paleta tendendo ao sépia. E, claro, uma das criaturas aqui vistas é tão ridícula que me pergunto como conseguiu sobreviver aos test screenings

É lamentável que, após um primeiro e segundo ato bem construídos, o terceiro desperdice tanto potencial naquela que foi a reviravolta mais artificial da série, resultando num clímax fraquíssimo, não somente inutilizando a recém-introduzida vilã, como tendendo à propaganda religiosa, algo que Wan tomava o cuidado de evitar. Mas ainda há tempo para ele retornar e colocar ordem na casa, já que mais um spin-off foi anunciado, além de uma sequência para A Freira. E é melhor ele se apressar, pois os arquivos Warren podem se esgotar em breve.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z, Warner Bros. e todos aqueles presentes na sessão de imprensa de Invocação do Mal 3, por acreditarem na experiência inesquecível de assistir um filme no cinema.

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