quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Crítica: A Lenda de Candyman (2021)

Dirigido por: Nia DaCosta. Roteiro de: Jordan Peele, Win Rosenfeld e Nia DaCosta. Fotografia de: John Guleserian. Estrelando: Yahya Abdul-Mateen II, Teyonah Parris, Nathan Stewart-Jarrett e Colman Domingo.

Sequência do "clássico" de 1992, A Lenda de Candyman é o que alguns chamam de spiritual sucessor (ou sucessor espiritual, em tradução livre). Não é exatamente uma continuação no sentido tradicional da palavra, mas também não é um reboot, pois não ignora os acontecimentos de projetos anteriores. É um longa que traz elementos de estilo e temas similares, mas os ressignifica em algo novo. Há inúmeros exemplos de filmes que tentaram uma abordagem similar, mas nenhum foi tão bem sucedido.

Produzido por Jordan Peele, Candyman traz comentários que já esperaríamos, dado o envolvimento do responsável pelos sublimes Corra! e Nós. A gentrificação de Chigago, o racismo, o poder da arte em evocar sentimentos... Só para citar alguns. O roteiro, escrito a seis mãos, acompanha o pintor Anthony (Yahya Abdul-Mateen II) que, decidido a lançar uma nova exposição, encontra na lenda de Candyman inspiração para novos trabalhos. Aos poucos, essa lenda vai se tornando real, mais uma vez. 

DaCosta faz o que pode para evitar os famigerados jump scares, construindo sua trama em ritmo lento e deliberado. Certa de que o terror efetivo se faz com atmosfera, não com sustos, a diretora investe numa fotografia sóbria, enquadramentos elegantes e numa trilha sonora inspiradíssima. Destaque para uma cena de assassinato de adolescentes que, desconectada da enredo principal, contém um simbolismo pungente em sua construção.

Encerrado com uma nota alta, o projeto deixa um gancho para uma continuação, mas de uma maneira elegantíssima. Entrelaçando o poder das lendas urbanas com a força da figura maligna, a cineasta faz escolhas ousadas, em todos os âmbitos. A futura diretora de Capitã Marvel 2 sabe ser provocante.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z, Warner Brothers, Universal Pictures e todos aqueles presentes na sessão de imprensa de A Lenda de Candyman, por acreditarem na experiência inesquecível de assistir um filme no cinema.

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Crítica: Caminhos da Memória (2021)

Escrito e dirigido por: Lisa Joy. Fotografia de: Paul Cameron. Estrelando: Hugh Jackman, Rebecca Ferguson, Thandiwe Newton e Cliff Curtis.

A estreia de Lisa Joy como diretora foi aguardada com ansiedade. Produtora e cocriadora da série Westworld, a cineasta gravou seu primeiro longa ainda em 2019. Adiado diversas vezes até ter sua estreia marcada para 20 de agosto nos EUA, o projeto terá uma dura batalha pela frente nas bilheterias, tendo que encarar O Esquadrão Suicida e Free Guy. Terá fôlego para tal? Provavelmente não.

A narrativa se passa numa Miami inundada (devido às mudanças climáticas), onde o ex-militar Nick Bannister (Jackman), que trabalha como uma espécie de investigador da mente. Operando uma máquina que permite às pessoas reviver antigas memórias, Bannister ajuda seus clientes a acessarem lembranças perdidas ou reviverem momentos marcantes. Dono de uma existência tranquila, ele vê sua vida mudar quando se apaixona por uma de suas clientes (Ferguson), que desaparece sem deixar vestígios.

Vendido pela Warner como uma ficção científica, o projeto acaba sendo uma mistura de neo-noir, thriller de ação e, sobretudo, romance. Embora Hugh Jackman e Rebecca Ferguson, que já atuaram juntos em O Rei do Show, consigam vender a paixão avassaladora de seus personagens, no fim das contas acabam remetendo a filmes muito melhores, apesar da ideia original. Ainda que evite a pieguice, o roteiro chega a ser chato, até sufocante. Há belas cenas de ação e cenários inspirados, mas também há o homem que faz tudo pela amada, a mulher bonita e misteriosa, a conspiração envolvendo gente poderosa, a velha música usada para recordar uma memória... Eu acho que já vi isso em algum lugar.

Arrastado em suas quase duas horas de duração, o longa talvez agrade os fãs do noir, já que a investigação conduzida pelo protagonista é interessante o suficiente para torná-lo assistível. Além disso, é preciso dizer que Lisa Joy tocou, de leve, num ponto sempre válido, o dos perigos de reviver o passado e se esquecer do presente. E, claro, é preciso dizer que nem todo noir tem o privilégio de ter Rebecca Ferguson interpretando sua femme fatale.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z, Warner Brothers e todos aqueles presentes na sessão de imprensa de Caminhos da Memória, por acreditarem na experiência inesquecível de assistir um filme no cinema.

Crítica: Free Guy - Assumindo o Controle (2021)

Dirigido por: Shawn Levy. Roteiro de: Matt Lieberman e Zak Penn. Fotografia de: George Richmond. Estrelando: Ryan Reynolds, Jodie Comer, Lil Rel Howery, Utkarsh Ambudkar, Joe Keery e Taika Waititi.

Mais cuidadoso com os projetos dos quais participa desde o desastroso Lanterna Verde, Ryan Reynolds conseguiu de fato se estabelecer como ator cômico. Dono de um senso de humor que, felizmente, inclui gags físicas, Reynolds se equilibra bem entre o ousado, o cativante e o amável.

O roteiro de Matt Lieberman e Zak Penn conta a história de Guy (Reynolds), um bancário que, embora curioso e questionador, segue à risca sua nada interessante rotina. Ao se interessar por uma garota, o rapaz reflete sobre a natureza de sua própria existência, descobrindo então ser um NPC (personagem não jogável, na sigla em inglês) do jogo Free City, um RPG. Enquanto isso, no mundo real, a programadora Millie Rusk (Comer) tenta provar que o empresário Antwan (Waititi, inspiradíssimo) roubou o código de um jogo criado por ela e o inseriu em Free City.

Combinando Ready Player One com O Show de Truman (e algumas pitadas de Grand Theft Auto), o projeto ainda consegue ser também uma comédia romântica eficaz. Isto só foi possível, claro, graças à química perfeita entre Jodie Comer e Joe Keery (de Stranger Things), cativantes e vulneráveis na medida certa. E tudo isso embalado pela música-tema de um curta que prefiro manter em segredo.

O longa é inteligente até mesmo na forma com a qual insere comentários sociais sobre questões importantes que ainda fazem parte do mundo dos games, e ainda flerta com ideias mais profundas sobre consciência, sentimentos, e amor. Trazendo pontas de figuras como Chris Evans, Hugh Jackman e The Rock, o projeto agradará também àqueles pouco familiarizados com jogos eletrônicos, sendo capaz de colocar um sorriso no rosto até do mais cético dos espectadores.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z, 20th Century Studios e todos aqueles presentes na sessão de imprensa de Tempo, por acreditarem na experiência inesquecível de assistir um filme no cinema.

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Crítica: O Esquadrão Suicida (2021)

Escrito e dirigido por: James Gunn. Fotografia de: Henry Braham. Estrelando: Margot Robbie, Idris Elba, John Cena, Joel Kinnaman, Sylvester Stallone & Viola Davis.

O Esquadrão Suicida finalmente abraçou sua própria natureza absurdista. A contratação de James Gunn, após o decepcionante primeiro capítulo, foi mesmo uma decisão acertada. Aproveitando o hiato entre sua demissão (e recontratação) pela Disney, o estúdio da AT&T deu ao cineasta liberdade criativa total para conduzir o projeto à sua maneira. O primeiro filme, de David Ayer, foi impiedosamente picotado pelos executivos da Warner. O restultado, todos conhecemos.

Após resetar o universo num prólogo simples e divertido, o roteiro segue os "heróis" numa missão na ilha de Corto Maltese. O país, claro, tem um governo autoritário, daquele tipo já visto centenas de vezes em produções de Hollywood. A Força Tarefa X deve, portanto, derrubá-lo, conforme os interesses do governo americano, aqui representado pela pragmática Amanda Waller (Davis).

Descartando impiedosamente todos os personagens desnecessários, o longa acerta ao encontrar um centro emocional em meio à violência e ao gore. E ninguém melhor para fazer isso do que Margot Robbie, que reprisa o papel de Arlequina e, simultaneamente, mantém a "evolução" conquistada no ótimo Aves de Rapina. Já o britânico Idris Elba consegue fazer com que o Pistoleiro de Will Smith se transforme numa memória distante, nebulosa. John Cena, como era de se esperar, está excelente como o Peacemaker que, em breve, vai ganhar sua própria série.

Pincelando uma discussão política da qual se esquiva logo em seguida, O Esquadrão Suicida é um recomeço otimista. Não é o ápice da criatividade em termos de linguagem, mas provavelmente é o filme mais honesto que James Gunn poderia entregar. Resta-nos torcer para que, uma vez que a Disney finalize Guardiões da Galáxia 3, a Warner capte o cineasta para si definitivamente.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z, Warner Brothers e todos aqueles presentes na sessão de imprensa de O Esquadrão Suicida, por acreditarem na experiência inesquecível de assistir um filme no cinema.

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