terça-feira, 18 de outubro de 2022

Crítica: Adão Negro (2022)

Dirigido por: Jaume Collet-Serra. Roteiro de: Adam Sztykiel, Rory Haines e Sohrab Noshirvani. Fotografia de: Lawrence Sher. Estrelando: Dwayne Johnson, Marwan Kenzari e Pierce Brosnan.

Adão Negro é um filme que mira em Shazam, Batman, Mulher Maravilha, em alguns filmes da Marvel, e por fim acerta em Homem-Aranha 3. É um projeto que tenta ser muita coisa, e acaba sendo muito pouco. Desperdiçando o potencial do talentosíssimo The Rock, é supreendente que este trabalho tenha sido destinado aos cinemas e não diretamente ao streaming. Parece um filme pertencente ao início dos anos 2000, quando sua fórmula ainda era novidade.

Parte do insucesso, talvez, se deva pela tentativa do roteiro, escrito a seis mãos, de encaixar o anti-herói dos quadrinhos na persona simpática e boa-praça de Johnson. O que já é um erro por si só, pois o ator que deve transformar-se em seu personagem. Desse modo, vemos aqui o clichê do "homem de bom coração que só é violento por ser maltratado e provocado", diluindo o personagem ambíguo e polêmico das HQs.

Ok, provavelmente ninguém esperava que, a essa altura do campeonato, um filme de herói fosse original e inventivo, mas mesmo assim a direção de Jaume Collet-Serra deixou muito a desejar. Responsável pelos eficientes The Shallows (2016) e Jungle Cruise (2021), o cineasta espanhol peca por tentar emular enquadramentos, movimentos de câmera e, também, o apego insuportável à câmera lenta do seu colega Zack Snyder. Ficou faltando apenas a fotografia escura.

No elenco secundário, temos a presença ilustre de Pierce Brosnan como Doutor Destino (uma espécie de Dr. Estranho da DC), que entrega uma performance até interessante, mesmo sabotado pelo roteiro limítrofe. Marwan Kenzari, intérprete que já se mostrou limitadíssimo como Jafar no remake de Aladdin, faz aqui novamente um vilão risível e pouco convincente, quase tão ruim quando o do projeto da Disney.

Por fim, o longa pincela um viés político quase tão bobo quanto suas tentativas de humor, muitas das quais claramente inspiradas por trabalhos do estúdio concorrente. Talvez a única coisa realmente capaz de empolgar a plateia seja o retorno de certo personagem na cena mid-credits. Mais uma vez, infelizmente, vemos a incapacidade (ou resistência) da Warner em entender o que torna seu universo realmente interessante.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z e Warner Bros.

terça-feira, 11 de outubro de 2022

Crítica: Halloween Ends (2022)

Dirigido por: David Gordon Green. Roteiro de: Paul Brad Logan, Chris Bernier, Danny McBride e David Gordon Green. Fotografia de: Michael Simmonds. Estrelando: Jamie Lee Curtis, Andi Matichak, James Jude Courtney, Will Patton, Rohan Campbell e Kyle Richards.

A série Halloween ajudou a definir o gênero slasher, lá nos fim dos anos 1970. Após diversas continuações, remakes e reboots, o filme de 2018 decidiu continuar a história diretamente do original, dando origem assim a uma trilogia.

Ambientado quatro anos após o último (e polêmico) filme, o roteiro mostra uma Laurie Strode (Curtis) que, finalizando seu livro de memórias, torna-se disposta a deixar todo o medo e ódio para trás, após um período de sumiço de sua nêmesis. Morando agora com sua neta Alysson (Matichak), ela logo percebe que sua tranquilidade era apenas momentânea. Enquanto isso, Corey, um morador de Haddonfield, tenta se reintegrar à sociedade após um trágico acidente.

Esteticamente, o longa recria planos e enquadramentos típicos da franquia, e homenageia momentos icônicos da franquia ora de maneira sutil, ora de maneira óbvia. Catártico em seu terceiro ato, o filme é inteligente ao mostrar como a população da cidade cria uma relação de necessidade com o psicopata. Sim, eles precisam de Myers, seja para lucrar ou simplesmente motivar seu ódio.

Destaque para o jovem Campbell, que interpreta o desajustado Corey. Ainda que o roteiro se apresse em seu arco, a mensagem por trás dele é válida, porém é o tipo de decisão narrativa sobre a qual os fãs da franquia provavelmente terão opiniões divergentes. Independente da proposta ousada que o projeto traga, creio que desta vez Michael Myers não volta. Digo, até proporem um reboot ou remake...

Perdendo-se ao introduzir uma nova história num longa que se propõe a ser uma conclusão, Green tenta justificar a ideia de continuidade do mal. De fato, o mal nunca termina, apenas muda de forma. O que finalmente terminou foi a jornada de Laurie Strode, depois de 44 anos e inúmeros altos e baixos.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z e Universal Studios.

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