quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Crítica: Cry Macho - O Caminho Para a Redenção (2021)

Dirigido por: Clint Eastwood. Roteiro de: Nick Schenk e N. Richard Nash. Fotografia de: Ben Davis. Estrelando: Clint Eastwood, Dwight Yoakam, Eduardo Minett, Natalia Traven e Fernanda Urrejola.

Clint Eastwood sempre foi uma presença carismática. Sempre conseguiu transmitir uma riqueza de ideias por meio de uma atuação contida, econômica. E já que falei em economia, está é talvez a palavra que melhor descreve este projeto. Lançado com uma campanha de marketing que consistiu basicamente de um único poster e um trailer, o filme acompanha o ex-peão de rodeio Mike Milos, que recebe a missão de resgatar o filho de seu patrão, que se encontra no México.

O que parece interessante na teoria, acabou se tornando, basicamente, uma reciclagem. E reciclar roteiros que não funcionaram é sempre uma ideia arriscada. O enredo de Cry Macho, inspirado pelo romance de N. Richard Nash, basicamente recria o argumento de Gran Torino, também dirigido por Eastwood em 2008. Como se não bastasse, o companheiro de cena do protagonista, aqui interpretado por Eduardo Minett, é quase tão ruim quanto sua contraparte da década retrasada.

Recitando suas falas em tom monocórdico e incapaz de esboçar qualquer emoção, Minett deixa para o protagonista todo o peso dramático da obra. Só que o nonagenário Eastwood, infelizmente, faz aqui um personagem claramente concebido para ser vivido por um ator mais jovem, já que sua óbvia dificuldade de locomoção é um atentado à suspensão de descrença. Mesmo com o uso de dublês em diversas cenas, fica difícil acreditar que o cowboy Mike seria capaz de realizar uma tarefa que exige, acima de tudo, fisicalidade. 

Apostando numa conclusão de conflito digna de novela da Globo, o longa nos envia para fora da sala com um gosto amargo na boca. É inacreditável que tenha sido comandado pelo mesmo cineasta que realizou tantos filmes inesquecíveis. Resta-nos torcer para que ele não se aposente e retome a antiga forma em sua próxima empreitada.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z, Warner Brothers e todos aqueles presentes na sessão de imprensa de Cry Macho, por acreditarem na experiência inesquecível de assistir um filme no cinema.

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Crítica: Maligno (2021)

Dirigido por: James Wan. Roteiro de: Akela Cooper. Fotografia de: Michael Burgess. Estrelando: Annabelle Wallis, Maddie Hasson, George Young e Michole Briana White.

Responsável por Jogos Mortais, Sobrenatural, Aquaman e pelos dois primeiros Invocação do Mal, este Maligno representa um retorno às origens para James Wan. Distante do (belo) padrão estabelecido pela A24, o cineasta malaio propõe uma mistura de giallo com slasher, de modo a resgatar o terror B da era das locadoras. Dessa forma, temos um filme que, embora irregular em seus resultados, é capaz de arrancar suspiros de todos aqueles que, como eu, foram colecionadores do saudoso formato VHS.

O roteiro acompanha a jovem Madison (Wallis) que, após sofrer um trauma pelas mãos de seu próprio marido, começa a ter sonhos envolvendo assassinatos brutais. A partir dessa tímida crítica social às relações abusivas, Wan constrói o primeiro ato num ritmo lento e deliberado. Aos poucos, Madison percebe que os assassinatos estão conectados a Gabriel, entidade oriunda de seu passado, cuja natureza terá de investigar com a ajuda de sua irmã Sydney (Maddie Hasson).

Desinteressante em sua premissa, o longa consegue nos engajar pela curiosidade no que virá a seguir, ainda que o quebra-cabeça proposto seja relativamente fácil de resolver. O já esperado plot twist é dolorosamente óbvio. O humor involuntário, tão presente nos slashers, também existe aqui, especialmente numa sequência envolvendo detentas interpretadas por atrizes com talento para o sitcom e figurinos que remetem a várias décadas diferentes. 

Bastante inspirado visualmente, o projeto chega a incluir um plano-detalhe mostrando o interior de um videocassete, o que, convenhamos, não poderia ser mais adequado. Há também referências visuais a Jogos Mortais, Suspiria e O Chamado, além de obras de autoria do próprio Wan. Tudo isso embalado pela ótima performance de Annabelle Wallis, que aqui demonstra um talento inexistente em seus trabalhos anteriores. 

Maligno é um daquelas produções que, independente de sua qualidade, comprovam o talento de seu diretor, já que, se fosse conduzida por qualquer outra pessoa, seria uma bomba inacreditável. Finalmente foi feito um tributo decente a Wes Craven e Dario Argento.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z, Warner Brothers e todos aqueles presentes na sessão de imprensa de Maligno, por acreditarem na experiência inesquecível de assistir um filme no cinema.

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