quinta-feira, 27 de maio de 2021

Crítica: Aqueles Que Me Desejam a Morte (2021)

Escrito e dirigido por: Taylor Sheridan. Fotografia de: Ben Richardson. Estrelando: Angelina Jolie, Finn Little, Nicholas Hoult, Aidan Gillen, Jake Weber, Medina Senghore e Jon Bernthal.

Aqueles Que Me Desejam a Morte é, no mínimo, anacrônico. Ainda que seja um representante do gênero neo-western, que ganhou força nos anos 2010 graças à série Breaking Bad, o projeto parece saído diretamente dos anos 1990. Finalizado desde a metade de 2019, o longa não teve uma campanha de marketing muito incisiva por parte de Warner, apesar do elenco estelar.

Dirigido por Taylor Sheridan (responsável pelo roteiro do magnífico Hell or High Water), o projeto acompanha um garoto (Little, excelente) que, fugindo de dois assassinos profissionais, encontra na bombeira florestal Hannah (Jolie) sua única chance de escape. Hannah, por sua vez, ainda se recupera da perda de três pessoas num incêndio do último verão.

Baseado no livro de Michael Koryta, que co-escreveu o roteiro, o longa aposta numa estrutura esquisita que nunca se justifica, inciando-se com uma bela sequência que estabelece seus vilões e ignorando completamente a protagonista até o segundo ato, o que não só configura grave erro narrativo, como também gera pistas que jamais conduzem a uma recompensa. Certo personagem, cuja identidade não revelarei, surge em uma única cena e, mesmo tendo seu regresso insinuado, jamais aparece novamente ou diz a que veio. Conhecendo a obra de Sheridan, a única explicação possível é uma remontagem após maus resultados em test screenings. Como diz Peter Jackson, mais tempo disponível nem sempre resulta num filme melhor,

Aparentemente mais seleta nos papéis que interpreta, e ao mesmo tempo incapaz de ignorar os paychecks da Disney, Jolie faz aqui uma heroína de ação como já não interpretava há bons anos. Ainda que suas motivações nunca sejam exploradas, ela tem carisma suficiente para ignoremos os vilões que, embora inteligentíssimos, tomam decisões convenientemente erradas em momentos chave. De todo modo, o que não dá mesmo para perdoar é o uso da gravidez de certa personagem como recurso apenas dramático, sem qualquer função ou objetivo na narrativa. Se fosse Spielberg eu até entenderia, mas Sheridan?

Reciclando o tema de homem vs. natureza numa área isolada dos EUA, o projeto recria todos os elementos que já esperaríamos, como as perseguições em locais remotos, os planos amplos que descortinam paisagens e a fotografia sempre drenada de cores. Só que, desta vez, temos um roteiro mediano e personagens unidimensionais. Taylor Sheridan se contentou com o básico pela primeira vez em sua carreira. Temos a Angelina Jolie, pelo menos.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Warner Bros., Espaço Z e todos aqueles presentes na sessão de imprensa de Aqueles Que Me Desejam a Morte, por acreditarem na experiência inesquecível de assistir um filme no cinema.

#filmenocinema

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