Dirigido por: James Mangold. Produzido por: Hutch Parker, Simon Kinberg, Lauren Shuler Donner. Roteiro de: Scott Frank, James Mangold, Michael Green. Estrelando: Hugh Jackman, Patrick Stewart, Dafne Keen.
17 anos. 9 filmes. Os X-Men foram os responsáveis por ressuscitar o
subgênero de super-herói no início dos anos 2000 e, ao longo dessa década e da
atual, houve tanto excelentes adaptações quanto momentos vergonhosos. Dito
isto, Hugh Jackman entrega sua melhor atuação ao se despedir do personagem que
o alçou ao estrelato.
Mais ambicioso que os dois filmes solo anteriores (o fraco Origins
e o mediano Wolverine Imortal), o
roteiro deste Logan se passa em 2029, um futuro no qual a maior parte
dos mutantes desapareceu. Sentindo-se culpado por tudo que fez em outras
épocas, o Wolverine aqui visto abusa de álcool, anda de forma trôpega e está
com olhos sempre avermelhados, o que, mais do que uma forma de compor seu estado, confere uma vulnerabilidade comovente. Trabalhando
como motorista de limusine em uma cidade próxima à fronteira com o México
enquanto tenta zelar pelo decadente Professor Xavier, que já passa dos 90 anos,
Logan vê sua triste rotina alterada quando é contratado para transportar uma
garotinha com poderes similares aos dele.
As lutas e cenas de ação são coreografadas com a perícia habitual de
Mangold, que acerta ao não tornar a ação incompreensível e também ao
aproveitar-se da classificação indicativa maior para expor as consequências da
violência ali retratada. Além da performance de Jackman, o sempre ótimo Patrick
Stewart destaca-se mais uma vez, conferindo ao Professor Xavier um ar de
instabilidade que vai de encontro ao que estamos habituados a ver. Já a atriz
Dafne Keen, de 11 anos, oferece uma performance intensa como a mutante Laura
que, calada durante a maior parte dos 137 minutos de projeção, transmite um
mundo de sentimentos com sutis mudanças no olhar.
Felizmente, a fotografia de John Mathieson foge do clichê, fazendo uso de
cores quentes, numa clara influência western complementada pela
divertida referência à Os Brutos Também Amam (1953), clássico que narra
a vida um pistoleiro que se isola para evitar confrontar-se com seu passado.
Finalmente entregando-se às suas origens nos quadrinhos, Logan apresenta
o mutante adulto e agressivo que os fãs aguardavam há anos. Filme corajoso,
violento e surpreendentemente profundo, a última aparição de Hugh Jackman como
Wolverine se estabelece como a melhor adaptação de quadrinhos dos últimos anos.
Por Bernardo Argollo
Agradecimentos:
Espaço Z e 20th Century Fox.