quarta-feira, 26 de julho de 2017

Crítica: Dunkirk (2017)













Dirigido por: Christopher Nolan. Produzido por: Emma Thomas, Christopher Nolan. Estrelando: Fionn Whitehead, Tom Glynn-Carney, Jack Lowden, Harry Styles, Aneurin Barnard e Kenneth Branagh.

Christopher Nolan é esperto. Espertíssimo. Ele faz filmes para as massas, mas de uma forma que faz com que cada espectador se sinta especial e inteligente ao assisti-los. É blockbuster com gostinho de “filme de arte”. Logo, criou-se toda uma legião de fãs disposta a amá-lo e defendê-lo. Dito isto, ressalto que, apesar de gostar de seus trabalhos, minha admiração é mais técnica do que narrativa. E isso se repete em seu longa mais recente.

O roteiro acompanha três linhas narrativas: uma na terra, cobrindo uma semana, uma no mar, durando um dia e outra no ar, com uma hora. As três são entrelaçadas numa narrativa não linear. No prólogo, somos informados que, após a invasão da França pela Alemanha nazista em 1940, soldados aliados recuam para a cidade litorânea de Dunkirk. À medida que os inimigos avançam, os combatentes aguardam resgate, ao som da trilha dramática e insistente de Hans Zimmer.

Ao contrário de Interestelar, neste Dunkirk a mixagem de áudio é boa o suficiente para que possamos ouvir os diálogos com clareza e distinguir todos os outros ruídos, tornando a experiência ainda mais imersiva com o formato Dolby Atmos. Belíssima em seus elementos puramente estéticos, a produção inclui planos que, por mais simples que pareçam, sugerem horas de preparação, desde um plano geral numa praia até um plano detalhe nos pés de um cadáver.

E se até agora não citei nenhum personagem, é porque estes não importam de fato. Este projeto é uma experiência sensorial, que prioriza a ação. Assim, o roteiro não perde tempo com explicações desnecessárias e histórias de origem dispensáveis. Não deixa de ser triste, contudo, ver o excelente Kenneth Branagh reduzido a um mero recurso expositivo para informar o contexto da batalha. E se isto pode prejudicar o desenvolvimento de personagens e a nossa ligação emocional com eles (sim, prejudica), permite que apreciemos a experiência insubstituível de assistir a um filme em grande escala como um fim em si mesmo, sem maiores pretensões. Mais uma vez, Nolan utiliza o formato IMAX, bem como películas de 70 mm e 35 mm, em sintonia com seu ceticismo acerca das plataformas de streaming e da praga do cinema digital.

Filme mais curto desde sua estreia como diretor em Following (1998), Nolan prova que, mesmo com a carreira estabelecida e todas as opções possíveis a seu dispor, é possível ser conciso e evitar a auto-indulgência, algo que vai contra a tendência de muitos diretores mainstream talentosos, que tendem a ficar progressivamente piores devido a excessos (sim, Peter Jackson, estou falando de você).

Não creio que seja genial, sensacional ou esteja entre o melhor que o cinema-espetáculo tenha a oferecer, mas não deixa de ser um exercício interessante imaginar um cenário em que mais cineastas usassem os preceitos do Nolan para nortear suas abordagens. Dunkirk é uma experiência imersiva estonteante. Entre fanboys e haters, salvam-se todos.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z e Warner Brothers.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Crítica: Transformers - O Último Cavaleiro (2017)













Dirigido por: Michael Bay. Produzido por: Don Murphy, Lorenzo di Bonaventura. Roteiro de: Art Marcum, Matt Holloway. Estrelando: Mark Wahlberg, Josh Duhamel, Stanley Tucci, Anthony Hopkins.

O cinema é uma arte essencialmente visual. A falta ou mal desenvolvimento de uma trama não compromete o resultado de um filme, pois a forma como uma história é contada pesa mais do que a história em si. Eis que a franquia Transformers chega a seu quinto filme, último da série dirigido por Michael Bay, que não irá retornar para as inevitáveis continuações.

Durando quase duas horas e meia, o longa inicia-se com uma longa sequência de batalha medieval que, inspirada por filmes muito melhores, tem como objetivo tentar explicar a lógica daquele universo. Tal lógica, se é que existe, é rapidamente ignorada pelo roteiro, já que personagens parecem ir de um lugar a outro por meio de relações de causa e efeito confusas demais para serem entendidas. A trama é basicamente a mesma de sempre: Autobots vs. Decepticons.

Na tentativa de fazer com que as imagens ali mostradas pareçam ter ligação umas com as outras, somos apresentados a todo tipo de personagem. Desde o homem comum interpretado por Mark Wahlberg até a mocinha nerd interpretada por Laura Haddock, cuja dinâmica que estabelece com o colega segue o velho clichê do “eles brigam mas se gostam”. E claro, temos o lorde inglês excêntrico interpretado por Anthony Hopkins.

Praticamente concebido como um amontoado de efeitos visuais, Transformers 5 impressiona em seus aspectos técnicos. Fotografado em diversos formatos diferentes, desde câmeras IMAX 3D até película de 16 mm, o longa acerta por, pelo menos, entender que 3D exige grande profundidade de campo. Assim, espaços amplos são explorados num raro (e trágico) uso assertivo da terceira dimensão.

É entristecedor, portanto, que mesmo após décadas como cineasta, Bay não tenha sido capaz de aprender o mínimo sobre sua profissão. Incapaz de entender conceitos como mis-en-scène, eixo e montagem, o cineasta simplesmente atira uma série de planos sem se preocupar com a duração, geografia e relações entre eles. Uma ofensa a qualquer espectador. É o que Hollywood tem de pior a oferecer.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z e Paramount Pictures.

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