terça-feira, 27 de março de 2018

Crítica: Jogador Nº 1 (2018)













Dirigido por: Steven Spielberg. Roteiro de: Zak Penn, Ernest Cline. Estrelando: Tye Sheridan, Olivia Cooke, Ben Mendelsohn, Lena Waithe, T.J. Miller, Simon Pegg, Mark Rylance.

Quem nunca viveu momentos mágicos durante a infância e/ou adolescência, tendo como “pano cultural de fundo” alguns dos clássicos de aventura, fantasia e ficção de Steven Spielberg? E qual dessas pessoas conseguiu passar a vida adulta com imunidade ao poder nostálgico proporcionado por tais obras? Se há um convite à imersão - e revisitação - na maioria dos universos construídos pelo veterano cineasta, pode ter certeza de que o mesmo voltou a valer na sua pulsante adaptação do livro “Jogador Nº 1”, de Ernest Cline. 

A história gira em torno de um futuro marcado por várias crises (políticas, ambientais, etc) no planeta. Grande parte da população se contenta com o escapismo proporcionado pelo OASIS, um produto de realidade virtual. Nesse cenário online, temos o adolescente Wade Watts (Tye Sheridan) e seus “colegas”, no meio da disputa entre a população gamer pelos easter eggs (surpresas escondidas) do jogo, que podem trazer fama e fortuna para o vencedor. Obviamente, temos nessa história o subtexto sobre pessoas “conectadas e desligadas entre si ao mesmo tempo”, o que se tornaria enfadonho nas mãos do diretor errado.

Spielberg conduz com competência as atuações de Tye Sheridan, Olivia Cooke e outros, em cima de “heróis” que, inicialmente, se mostram mais ativos e apaixonados pela vida através dos seus avatares e do próprio universo OASIS. Já o irregular vilão Sorrento, interpretado por Ben Mendelsohn, oscila entre a sagacidade e o aborrecimento - e vale citar aqui uma menção honrosa para alguns dos seus comparsas, os quais se mostram nada caricatos em suas atitudes.

Agora, temos que falar sobre o ponto mais hipnótico do filme: referências à cultura pop! Sim, temos aqui uma abundância de cores, imagens e objetos que remetem a filmes clássicos, além de grandes músicas de pop e rock do passado. As obras dos anos 80, em especial, se mostram mais presentes na narrativa do que as de qualquer outra década - com destaque para a presença marcante de elementos (visuais e sonoros) do filme De Volta para o Futuro, e para a arrepiante sequência dedicada a O Iluminado. E sim, existe propósito nessas escolhas, pois a própria “amarra” moral da história nos conecta diretamente com toda essa estética.

Apesar de pequenos deslizes em termos de plasticidade da ação nos momentos online, e também na habitual insistência de Spielberg em cima de certos clichês sentimentais, o saldo de Jogador Nº 1 é positivo. Esse é um filme feito em especial para os jovens dos frenéticos - e “Marvelizados” - anos 2010, mas sem abrir mão de coisas “das antigas” que não devem ser esquecidas. Os velhos vão se emocionar com as referências ao passado, e os jovens vão vibrar com esse potencial exemplar de “futuro clássico nostálgico” da sua própria época. Afinal, todo mundo merece receber um pouco daquela boa e velha (e nova) magia...

Por Fábio Cavalcanti

Agradecimentos: Espaço Z e Warner Bros.

quarta-feira, 21 de março de 2018

Crítica: Círculo de Fogo - A Revolta (2018)













Dirigido por: Steven S. DeKnight. Roteiro de: Steven S. DeKnight, Emily Carmichael. Estrelando: John Boyega, Scott Eastwood, Jing Tian, Cailee Spaeny, Rinko Kikuchi, Burn Gorman.

Em 2013, o mestre Guillermo del Toro nos apresentou Círculo de Fogo, provando que filmes sobre robôs gigantes podem ser interessantes e divertidos. Filme B assumido, o projeto é simplesmente o melhor do gênero. Com peso dramático, personagens interessantes e épicas cenas de ação, o longa inevitavelmente daria origem a continuações. Cinco anos depois, chega aos cinemas esta nova produção, dirigida por Steven S. DeKnight (produtor da série Spartacus).

Passando-se 10 anos após os acontecimentos vistos no original, o roteiro deste Revolta acompanha Jake Pentecost (Boyega), filho do personagem de Idris Elba, que ganha a vida roubando e vendendo partes de jägers abandonados no mercado negro, em meio a uma sociedade que luta para se reconstruir, finda a guerra com os monstros gigantes. Depois de ser preso, Jake tem de escolher entre a cadeia ou voltar a treinar recrutas no programa de treinamento de pilotos de jägers, que por sua vez está ameaçado pela corporação Shao e seu programa de drones, que planeja substituir os robôs tradicionais por versões totalmente controladas à distância.

O roteiro tem lá seus problemas. Infelizmente, é recheado de diálogos que parecem extraídos de livros de auto-ajuda. Outro clichê irritante é a dinâmica eles-se-odeiam-mas-precisam-um-do-outro protagonizada por Jake e Nate Lambert (Scott Eastwood, filho de Clint). A crítica que o longa tenta fazer às grandes corporações e, especialmente, à guerra com drones, tema muito relevante na contemporaneidade, é válida e inesperada, ainda que rasa.

Acertando por repetir muito do que o longa original tinha de bom, Revolta peca pelo excesso de diálogos expositivos, transformando certos personagens, como a garotinha vivida por Cailee Spaeny, em um mero recurso para explicar conceitos ao espectador. As sequências de ação, apesar de eficientes, não são tão inventivas quanto aquelas dirigidas por del Toro. Enquanto o diretor mexicano vencia inúmeros desafios técnicos (batalhas se passando à noite e com chuva, por exemplo) DeKnight optou por uma direção mais econômica. Além disso, as máquinas aqui vistas se movimentam de maneira excessivamente veloz, contrariando a Física e denunciando sua natureza digital, algo que del Toro teve o cuidado de evitar.

Circulo de Fogo: A Revolta é um passatempo divertido, porém esquecível. Assim como no longa de 2013, não há nenhuma ligação emocional com o espectador, até mesmo a morte de um personagem importante não causa qualquer impacto. De toda forma, vibramos com as batalhas, torcemos pelos jägers e saímos da sala de projeção com a sensação semelhante à que tínhamos depois de ver um filme bom na Sessão da Tarde. Não dá para pedir mais.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z e Universal Pictures.

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