sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Crítica: A Forma da Água (2017)













Dirigido por: Guillermo del Toro. Roteiro de: Guillermo del Toro, Vanessa Taylor. Estrelando: Sally Hawkins, Michael Shannon, Richard Jenkins, Doug Jones, Michael Stuhlbarg, Octavia Spencer.

Guillermo del Toro sempre teve como especialidade certo apreço por universos fantasiosos, os quais são marcados por inúmeros detalhes de fotografia e design de produção, além de uma predileção por personagens peculiares e distintos. Em seu mais recente filme, “A Forma da Água” (2017), temos um tom de fábula que pode nos trazer breves lembranças do seu “O Labirinto do Fauno” (2006), mas sem cair na potencial armadilha de nos prender em uma espécie de “del Toro land”.

Sim, seria fácil ao consagrado diretor optar por uma abordagem autoindulgente, visto que o público acaba sendo facilmente “sugado” pela sua habitual assinatura cinematográfica. Mas, o que presenciamos de fato é a sua entrega “de corpo e alma”, tanto à ambientação do filme quanto a cada um dos seus personagens centrais.

A história é bem simples: nos Estados Unidos dos paranoicos anos 1950, um misterioso ser anfíbio é preso para experiências, e este acaba se relacionando com uma solitária funcionária do local. Os detalhes não vêm ao caso (por causa de possíveis spoilers), mas o fato é que a narrativa se mostra claramente acessível e otimista em quase todos os seus aspectos, além de trazer uma bem-vinda importância para todos os seus personagens.

Com exceção do vilanesco “americano comum”, interpretado divinamente por Michael Shannon, temos aqui uma bela mistura de “excluídos”: uma muda – e ainda assim multifacetada e apaixonante - Sally Hawkins, um Richard Jenkins que transita de forma cômica e comovente entre seus dilemas de idade e orientação sexual, e um Doug Jones que faz o seu melhor em cima das limitações expressivas naturais da sua “criatura anfíbia”. Por outro lado, o habitual timing cômico “empoderado” de Octavia Spencer nos traz os seus primeiros sinais de cansaço...

Sobre os aspectos técnicos, del Toro continua firme e forte em suas opções estéticas, ainda que se mostre mais sutil – acertadamente - do que em filmes como Hellboy (2004) e o já citado O Labirinto do Fauno. Das cores marcantes às opções incomuns de trilha sonora, presenciamos um universo imersivo na medida certa, de tal forma que a beleza da história e de seus personagens acaba brilhando com uma intensidade que supera o seu próprio espetáculo visual.

Envolvente, carismático e recheado de momentos que nos deixam emocionados e/ou arrepiados, “A Forma da Água” é uma prova de que certos filmes só precisam de coração e alma, acima de qualquer necessidade de surpreender o espectador com grandes reviravoltas. Ainda que apresente uma ou outra lógica forçada em torno da criatura, o fato é que temos aqui um trabalho que certamente ficará marcado como uma das obras-primas de Guillermo del Toro. E essa é para assistir várias vezes...

Por Fábio Cavalcanti

Agradecimentos: Espaço Z e 20th Century Fox.

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