quarta-feira, 22 de março de 2017

Crítica: Power Rangers (2017)













Dirigido por: Dean Israelite. Produzido por: Haim Saban, Wyck Godfrey. Roteiro de: John Gatins. Estrelando: Dacre Montgomery, Naomi Scott, RJ Cyler, Becky G, Ludi Lin, Bryan Cranston, Elizabeth Banks.

Inspirada pela série japonesa Super Sentai, a franquia Power Rangers foi um estrondoso sucesso nos anos 1990 e início dos anos 2000. Composta por séries de televisão, filmes, quadrinhos e toda uma série de produtos relacionados (de roupas a brinquedos), o grupo de heróis coloridos ganha novos contornos nesta "reimaginação", que se propõe apresentá-los a uma nova geração de potenciais consumi... oops, digo... fãs!

A trama acompanha as aventuras de cinco jovens que, ao descobrirem os restos de uma nave espacial, tornam-se a nova geração de guerreiros conhecidos como Power Rangers. Tais combatentes têm como missão (obviamente) proteger a Terra das forças do mal, que desta vez atendem pelo nome de Rita Repulsa (Banks). E se o próprio nome da vilã já é indicativo da natureza infantil, cartunesca e até mesmo brega do universo diegético, aqui temos um longa que parece incerto quanto ao rumo que pretende seguir, oscilando entre o tom leve do material original e a abordagem mais madura que se tornou comum nos filmes de super-herói contemporâneos.

Curiosamente escrito por uma única pessoa, já que contém o que parecem ser diversas visões em conflito, o roteiro merece créditos por dedicar um bom tempo ao desenvolvimento dos personagens. Assim, há longas cenas que abordando a história e a vida pessoal de cada um dos heróis. É uma pena, contudo, que os dramas pessoais dos jovens apelem para todos os clichês imagináveis, desde o rapaz-perdido-de-bom-coração até a moça que toma a decisão de confrontar seus dilemas ao cortar o cabelo diante do espelho (cabelos curtos são sinônimos de mais força?). Dito isto, não deixa de ser interessante notar que esse mesmo filme é o primeiro blockbuster a trazer uma heroína LGBT (Becky G) e um herói com transtorno do espectro autista (Cyler), ainda que sua condição seja frequentemente usada como fonte de humor.

Indeciso sobre o tom que pretende conferir ao filme, o cineasta sul-africano Dean Israelite (do mediano Projeto Almanaque) investe numa fotografia predominantemente sóbria, que atinge seu ápice na densa cena na qual os Rangers compartilham seus dramas pessoais uns com os outros, apenas para alguns momentos depois dar lugar a um visual espalhafatoso, embalado por uma trilha sonora animada. Assim como o pavoroso reboot de Quarteto Fantástico, este Power Rangers comete o erro de tentar conferir seriedade a uma narrativa essencialmente leve, e confesso que não tive outra alternativa senão rir durante o plano em que os Rangers aparecem andando em câmera lenta (vocês saberão quando assistirem ao filme).  

A química entre os jovens atores é admirável, apesar de sabermos que seus personagens seguem modelos de comportamento pré-planejados para fazer com que pareçam complexos, ao passo que Elizabeth Banks e Bryan Cranston pouco podem fazer como Rita e Zordon.

Por fim, as poucas sequências de ação vistas aqui seriam consideradas incríveis há vinte anos, porém hoje soam apenas burocráticas. As aguardadas lutas envolvendo os Zords, robôs gigantes que lembram uma cópia mal-feita dos Transformers, são quase tão ridículas quanto o tom de urgência adotado no terceiro ato. Ao menos, desta vez, há uma história de origem para ancorar possíveis continuações.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z, Paris Filmes e Lionsgate Entertainment.

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