terça-feira, 7 de junho de 2016

Crítica: Invocação do Mal 2 (2016)













Dirigido por: James Wan. Roteiro de: James Wan, Chad Hayes, Carey Hayes. Produzido por: Peter Safran, Rob Cowan. Estrelando: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Frances O’Connor.

Em 2013, o malaio James Wan surpreendeu com seu Invocação do Mal. Baseado em fatos reais, o longa conquistou o público e a crítica com seu roteiro envolvente, boas atuações e tom angustiante. Eis que, ao contrário de filmes como Pânico e Atividade Paranormal, que deram origem a sequências pavorosas, esta continuação da história do casal Ed e Lorraine Warren prova que continuações de terror podem, sim, fazer jus à obra original.

O roteiro acompanha mais um caso documentado pelo demonologista Ed Warren e sua esposa, a médium Lorraine. Num bairro humilde no subúrbio de Londres, a família Hodgson percebe que está sendo atormentada por algum espírito malévolo, e então os protagonistas, que já enfrentam seus próprios dilemas, são convocados pela Igreja para investigar. Inteligentemente e sem precipitações, a narrativa começa explorando nossos medos mais primitivos (escuro, desconhecido, sons inexplicáveis) e daí partindo para ameaças mais palpáveis.

É aí que começam os acertos do roteiro que, escrito a oito mãos (o que nunca é um bom sinal), evita situações do tipo “ninguém-acredita-no-que-a-criança-diz” ou ainda “meus-amigos-pensam-que-estou-louco”, comuns em filmes do gênero. Assim, a mãe interpretada por Frances O’Connor não demora a aceitar como verdadeiros os acontecimentos que se desenrolam em sua casa, o que só ajuda a empurrar a narrativa para frente. Curiosamente coeso para um roteiro que carrega visões claramente distintas, apenas algumas passagens soam deslocadas, como os planos inseridos para mostrar a situação econômica do Reino Unido dos anos 1970.

É sempre louvável quando um filme de terror encontra tempo para o desenvolvimento dos personagens e da dinâmica entre eles, o que, em última análise, contribui para a identificação do espectador e fortalece a atmosfera do filme. Não deixamos, portanto, de torcer por aquelas figuras por um momento sequer e o temor por seus destinos tem uma intensidade louvável. Assim, Wan inclui cenas tocantes e de beleza triste, como a versão improvisada de “Can’t Help Falling in Love”, de Elvis Presley. O longa ainda encontra tempo para uma inspirada gag física envolvendo o excesso de peso de um personagem, ainda que o riso involuntário seja logo substituído por um suspiro de preocupação.

É notável a segurança com que Wan conduz o projeto, e seu esmero técnico fica patente em diversos momentos, como no complexo plano sem cortes que acompanha o percurso dos personagens na residência dos Hodgson. A fotografia, ainda que óbvia, merece aplausos por mergulhar a casa da família em sombras sem torná-la excessivamente escura. A trilha sonora, ainda que caia no clichê dos acordes altos em momentos-chave, consegue ser eficiente, ao comentar a narrativa sem tentar guiá-la. Já os efeitos visuais são bastante eficientes, sem cair no cartunesco ou no excesso de CGI.

Vera Farmiga e Patrick Wilson exibem uma química em cena ainda melhor do que no filme anterior, e Madison Wolfe, a jovem atriz que interpreta Janet, a moradora mais afetada pela presença demoníaca, chama atenção por sua expressividade.

Assim como o excelente The Babadook (2014), Invocação é um longa aposta numa atmosfera ameaçadora e sombria em detrimento de simples sustos. Juntando-se ao primeiro filme como belo exemplar do gênero terror, Invocação do Mal 2 é um daqueles filmes que leva o espectador recém-saído do cinema a refletir sobre o que acabou de assistir. Afinal de contas, não é para isso que o Cinema serve?

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z, Warner Bros. Pictures e New Line Cinema.

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