terça-feira, 27 de junho de 2023

Crítica: Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Dirigido por: James Mangold. Roteiro de: Jez Butterworth, John-Henry Butterworth, David Koepp e James Mangold. Fotografia de: Phedon Papamichael. Estrelando: Harrison Ford, Phoebe Waller-Bridge, Antonio Banderas, John Rhys-Davies, Toby Jones, Boyd Holbrook, Ethann Isidore e Mads Mikkelsen.

Exatos quinze anos após o polêmico O Reino da Caveira de Cristal, temos o quinto e, teoricamente, último projeto da série Indiana Jones que, iniciada há 42 anos, homenageava os romances pulp e os serials de décadas anteriores. Ao contrário de muitos, eu aprecio o longa de 2008, porém aprecio mais ainda o fato deste novo capítulo ter se livrado de todos os elementos questionáveis do quarto filme. Personagem de Shia LaBeuf? Morto. A Marion de Karen Allen? Desta vez é uma simples ponta. E assim por diante.

Primeiro Indiana não dirigido por Spielberg, Relíquia do Destino apresenta-nos um roteiro que se passa em 1969 e acompanha um Indy prestes a se aposentar. O arqueólogo, no entanto, vê-se obrigado a retornar à ativa para impedir que um poderoso artefato caia nas mãos de um cientista alemão (Mikkelsen) que, mesmo após o fim da Segunda Guerra, ainda se apega a ideais nazistas. Desta vez acompanhado por sua afilhada Helena (Waller-Bridge, excepcional), o professor luta para se adaptar a um mundo em constante transformação, ao passo que lida também com seu próprio envelhecimento.

Competente em seus aspectos técnicos, o filme faz jus ao orçamento vultoso e consegue disfarçar bem o uso do CGI e, com exceção e um ou dois momentos, o uso do chroma key também é bem discreto. O rejuvenescimento digital aplicado na sequência inicial é de tirar o fôlego, provavelmente o melhor já feito até hoje. A fotografia pode não ser tão inventiva quanto já fora, mas certa sequência de perseguição em meio a um desfile está entre as melhores de toda a franquia.

Ciente de interpretar um personagem quase mítico, Harrison Ford encarna-o esta última vez com leveza e propósito. Há algo de reconfortante em saber que, no meio de uma indústria onde quase nada parece ter fim, esta franquia, ao menos por enquanto, tem um.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z, The Walt Disney Company e Paramount Pictures.

terça-feira, 13 de junho de 2023

Crítica: The Flash (2023)

Dirigido por: Andy Muschietti. Roteiro de: Christina Hodson. Fotografia de: Henry Braham. Estrelando: Ezra Miller, Sasha Calle, Michael Shannon, Ron Livingston, Maribel Verdú, Michael Keaton e George Clooney.

O conceito de multiverso tem sido cada vez mais explorado pelas franquias de super-heróis. Apesar de ser algo empolgante do ponto de vista teórico, na prática traz complicações por depender de um conhecimento que envolve não apenas o material-fonte, mas inúmeras obras derivadas e mesmo séries de tevê. Já passou a época do "você não entendendeu o filme porque não leu o livro". É bem mais complexo agora.

Alçado ao estrelato após dirigir o fraco Mama (2013) e a bilogia It (2017-2019), o argentino Andy Muschietti captura bem a essência cartunesca do herói, ao passo que o roteiro de Christina Hodson não perde tempo com exposições desnecessárias. Aqui, vemos Barry Allen (Miller) descobrir que possui a capacidade de interferir em eventos passados e, a partir daí, tenta evitar a perda da mãe (Verdú). Tal empreitada traz todo tipo de consequencia indesejada. Quem poderia imaginar...

Ezra Miller, sempre polêmico, compreende bem a essência do personagem. Barry Allen é um underachiever, ele não faz nada direito. E isso torna sua química com o "Barry alternativo" ainda mais interessante. O que nos traz ao incrível avanço tecnológico na construção dos planos nos quais os dois personagens interagem. Efeitos especiais e visuais evoluíram bastante desde que Lindsay Lohan interpretou duas gêmeas há 25 anos. Também destaco a excelente participação de Michael Keaton, que desperta no público o mesmo fascínio que Barry sente ao encontrá-lo. No terceiro ato, há uma ponta inspiradíssima.

Mesmo havendo, sim, competência técnica no projeto, é impossível não notar a irregularidade do CGI usado em muitas sequências. Como tem sido hábito há alguns anos, grandes estúdios terceirizam a animação e renderização de elementos para empresas menores espalhadas pelo mundo, aproveitando-se de incentivos fiscais e coisas do gênero. Talvez ajude a explicar a imensa irregularidade dos efeitos visuais vistos aqui. Compósitos ruins, chroma keys escancaradas, elementos sem motion blur e (socorro) texturas dignas de um jogo de PS3.

Lançado uma semana após a estupenda continuação de Aranhaversoo projeto forma uma rima interessante com seu concorrente, mesmo tendo uma estrutura fechada em três atos. Ambos terminam com um cliffhanger admirável. Resta saber se haverá sucesso comercial que justifique novos investimentos. Na concorrência, a sequência já está garantida.

Por Bernardo Argollo

Obs.: há uma cena pós-créditos.

Agradecimentos: Espaço Z e Warner Bros. Discovery.

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Grants For Single Moms