sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Crítica: A Favorita (2018)













Dirigido por: Yorgos Lanthimos. Roteiro de: Deborah Davis, Tony McNamara. Estrelando: Olivia Colman, Emma Stone, Rachel Weisz, Nicholas Hoult, Joe Alwyn.

Terceiro filme em inglês do grego Yorgos Lanthimos, A Favorita é um projeto que não teme dividir-se entre a irreverência, o absurdo, o humor e o desconforto. Assim como nos seus dois últimos filmes, Lanthimos não teme incomodar os puritanos com seu humor ácido. Ao contrário de alguns realizadores, que utilizam o choque como um fim em si mesmo, ele demonstra sua visão por meio de uma lógica interna tangível, mas nem sempre óbvia.


Ambientado no início do século XVIII, quando a Inglaterra travava uma guerra com a França, o filme acompanha a rainha Anne (Colman) que, propensa a enfermidades, encontra conforto no auxílio de Lady Marlborough (Weisz). Misto de dama de companhia, amante, governanta e secretária de Estado, Marlborough vê sua posição ser ameaçada pela chegada de uma moça mais nova (Stone), que logo se torna a preferida de Sua Majestade.


A Favorita faz o que é esperado em termos de figurino, maquiagem e design de produção. Vemos em tela o capricho típico de produções de época, que certamente será indicado a vários prêmios. Já a fotografia foge do convencional ao empregar lentes grandes angulares e luz natural, ressaltando o universo tortuoso no qual aquelas figuras vivem (e tornando-as ainda mais vulneráveis). O desenho de som, contudo, foge do tom estritamente histórico ao empregar composições atuais em sua trilha, utilizando também ruídos diegéticos para tornar certas passagens ainda mais inquietantes.


Atriz desconhecida do grande público, a britânica Olivia Colman se junta ao rol de intérpretes que se consagraram interpretando rainhas inglesas. Numa composição impecável, Colman abraça a repugnância daquela mulher com entrega total, de modo a evocar compaixão e nojo simultaneamente, o que não é tafera fácil. De modo semelhante, Stone é capaz de despertar nossa simpatia com performance cheia de nuances. Já Weisz faz um belo trabalho ao criar uma figura que luta pelo poder, carregando na fala e no olhar o ressentimento por ser mulher.


Trazendo ainda uma divertida referência a um de seus trabalhos anteriores, o longa encerra-se com uma nota alta. Certamente, continuará com o espectador após a projeção, despertando reflexões sobre seus simbolismos e ideias, que oscilam entre o humor pastelão e o puro horror.


Por Bernardo Argollo


Agradecimentos: Espaço Z e Fox Searchlight.

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