Novo filme do diretor dos ótimos Me Chame Pelo Seu Nome e Suspiria, Challengers provavelmente ficaria restrito a festivais, se não fosse pela presença de Zendaya. A jovem atriz, bastante promissora, tem feito algum esforço para se livrar de papéis colegiais. Seu recente esforço em Duna Parte 2 evidencia sua versatilidade como intérprete.
A trama se alterna entre dois períodos, 2006 e 2019, e acompanha a tenista Tashi (Zendaya), que se envolve num triângulo amoroso com Patrick (O'Connor) e Art (Faist). Talvez "triângulo amoroso" seja uma expressão algo reducionista para descrever a dinâmica entre eles, já que a atração magnética exercida pela garota provoca desdobramentos mais complexos do poderíamos antecipar.
Rodado em película de 35mm, com lente esférica e enquadrado em 1.85:1, o projeto é algo desinteressante em seus aspectos plásticos, a despeito do meio de captura superior. No entanto, destaca-se a sequência em que os personagens são vistos através de certo objeto cênico. O roteiro do estreante Justin Kuritzkes não apela para nenhuma revelação de última hora a fim de justificar a estrutura não-linear, que é complementada de maneira inteligente com uma montagem fluida e trilha sonora inspirada no eurodance.
O projeto consegue articular momentos de tensão, enquanto especula acerca das intenções de sua protagonista. A despeito de certa gordura no segundo ato, o terço final aposta num clímax grandioso e finaliza-se numa nota alta. Não, Zendaya não chega a ser uma "força da natureza", mas é certamente mais interessante do que seus superestimados colegas de Euphoria.
Por Bernardo Argollo
Agradecimentos: Espaço Z, Amazon MGM Studios e Warner Bros.