quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Crítica: Assassinato no Expresso do Oriente (2017)













Dirigido por: Kenneth Branagh. Roteiro de: Michael Green. Estrelando: Penélope Cruz, Johnny Depp, Judi Dench, Josh Gad, Olivia Colman, Willem Dafoe.

O britânico Kenneth Branagh é um daqueles diretores que conseguiram entregar obras bastante díspares entre si, especialmente em termos de qualidade. Porém, seja nos jovens clássicos “Frankenstein de Mary Shelley” (1994) e “Hamlet” (1996), ou no medíocre “Thor” (2011), temos em sua obra uma visão humana e desprovida de arroubos indulgentes e plastificados. Tal direcionamento pode ser notado também em sua adaptação de uma das obras primas da escritora Agatha Christie: "Assassinato no Expresso do Oriente" (2017).

Espectadores casuais podem não saber que a obra em questão possui uma famosa versão feita por Sidney Lumet em 1974. De toda forma, Branagh traz um sopro de ar fresco a uma história que, embora familiar para muita gente, necessitava de uma atualização para as novas gerações.  E se lembrarmos de que o seu protagonista - o pitoresco detetive Hercule Poirot - possui um enorme potencial para a atual tendência cinematográfica de se investir em franquias, o papo sobre “necessidade de renovação” ganha uma nova dimensão...

Protagonizado pelo próprio Branagh como o supracitado Hercule Poirot, “Assassinato...” utiliza muito bem as suas duas horas de filme, ainda que a essência investigativa claustrofóbica da obra de Agatha Christie nos deixe com esporádicas sensações de estarmos presenciando uma narrativa arrastada e inchada ali dentro – ou ao redor – do trem que norteia toda a sua “simples” história de assassinato. Mas o fato é que cada minuto de filme se faz necessário (cedo ou tarde), visto que temos muitos personagens envolvidos na trama.

O elenco se mostra acertadíssimo, com atuações que entregam exatamente aquilo que a história pede de cada um dos personagens, seja em seus estágios iniciais ou finais. Além da excepcional atuação de Branagh como um Poirot ativo, analítico, e adoravelmente irritante em seu perfeccionismo, temos também um assustador Johnny Depp, um imprevisível Josh Gad, uma dissimulada Daisy Ridley, uma intensa Michelle Pfeiffer, um multifacetado Willem Dafoe, um envolvente Leslie Odom Jr., e uma Judi Dench convenientemente aborrecida.

Sim, o livro possui certo nível de frieza e objetividade extrema em sua narrativa. E sim, Branagh soube captar a conveniência de se acrescentar um sutil “tempero dramático” à sua versão cinematográfica, de tal forma que sejamos apresentados a Poirot de uma forma multidimensional. E como se não bastasse, a atenção e dedicação laboriosa de Branagh aos aspectos técnicos são louváveis de tal modo que o filme pode parecer interessante e imersivo até para quem se perdeu em algum ponto do desenrolar da sua complicada narrativa.

Seja como for, o novo "Assassinato no Expresso do Oriente" nos envolve com suas atuações e esmero técnico, nos faz exercitar nossas “massas cinzentas” (como diria o adorável detetive) durante a investigação, traz alguns questionamentos sutis e nada pretensiosos sobre justiça e natureza humana, e instiga o desejo de expansão do universo investigativo daquele que se auto intitula “o maior detetive do mundo”. Sim, Kenneth Branagh, nós queremos mais do seu Poirot, muito mais!

Por Fábio Cavalcanti

Agradecimentos: Espaço Z e 20th Century Fox.

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