terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Crítica: Aquaman (2018)













Dirigido por: James Wan. Roteiro de: David Leslie Johnson-McGoldrick, Will Beall. Estrelando: Jason Momoa, Amber Head, Willem Dafoe, Patrick Wilson, Dolph Lundgren e Nicole Kidman.

Sempre uma figura periférica no universo de heróis da DC, o Aquaman nunca recebeu qualquer tipo de destaque. Foi motivo de piada até Zack Snyder reinventá-lo para o cinema. Antes loiro e andrógino, agora é representado pela figura bem mais corpulenta de Jason Momoa, de Game of Thrones. Da mesma forma que certos heróis secundários da Marvel foram introduzidos de maneira interessante no Cinema, na DC os humilhados também estão sendo exaltados.

Dirigido por James Wan (da fantástica série Invocação do Mal), este filme é ao mesmo tempo história de origem e sequência de Liga da Justiça. Ambientado um ano depois deste, o roteiro acompanha a saga do personagem-título para reaver o trono de Atlântida, comandada por seu meio-irmão Orm (Wilson, sempre ótimo), evitando assim uma guerra entre a superfície e os diversos reinos submersos. 


Sem abusar de flashbacks ou exposições desnecessárias, o projeto é ágil ao introduzir o caráter e as motivações do herói. Em pouco tempo, vemos a negação do dever, o interesse romântico, a mãe complicada (típica da DC), bem como as pontas soltas para eventuais continuações. Felizmente, o longa encontra o equilíbrio entre se levar a sério e a autoparódia, algo até então inédito nesta franquia que, seguindo o padrão estabelecido por Snyder em O Homem de Aço, tende a apostar num tom mais sombrio.

Esquecendo a paleta dessaturada e cinzenta também típica da DC, Aquaman investe numa fotografia rica, colorida e que, mesmo pendendo para o cafona, nunca deixa de parecer épica. O design de produção concebido pelo veterano Bill Brzeski como uma mistura de Duna (1984) e Avatar não se parece com nada já visto em um filme do gênero, estabelecendo-se desde já como algo inventivo e único. No que tange à direção, Wan acerta por evitar a confusão visual, estabelecendo com eficiência a geografia das cenas ao mesmo tempo em que exercita seu estilo com belíssimos travellings circulares.

Por fim, nada disso seria viável sem o carisma de Momoa que, mesmo sem um timing cômico muito apurado, consegue nos fazer rir por sua autenticidade e expressividade sem fim. Amber Heard e Willem Dafoe estão no piloto automático e Nicole Kidman pouco tem a fazer como a rainha Atlanna. Destaque para o sueco Dolph Lundgren, ator que admiro, participando aqui de seu primeiro bom filme em uns 20 anos.


Pouco se sabe sobre o futuro da franquia expandida da DC. Há vários projetos de filmes não-canônicos e incertezas sobre a permanência de atores. De qualquer forma, é admirável perceber que esse universo compartilhado só está de pé graças a uma obra estrelada e dirigida por mulheres e, agora, outra realizada por um asiático e protagonizada por um havaiano. "O brave new world that has such people in it. Let's start at once."


P.S.: Os soteropolitanos muito atentos notarão que sua cidade fez uma pontinha :)


Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z e Warner Bros.

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