sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Crítica: Kingsman - O Círculo Dourado (2017)













Dirigido e produzido por: Matthew Vaughn. Roteiro de: Jane Goldman, Matthew Vaughn. Estrelando: Colin Firth, Julianne Moore, Taron Egerton, Halle Berry, Mark Strong, Elton John, Channing Tatum, Jeff Bridges.

Especialista em adaptar quadrinhos para as telas, Matthew Vaughn foi o responsável pelos ótimos Kick-Ass, X-Men: Primeira Classe e também pelo magnífico Stardust. Eis que, em 2014, ele apresenta o primeiro Kingsman, uma grata surpresa em meio a tantas adaptações que HQs lançadas todos os anos.  Divertido e irreverente, o filme é nada mais, nada menos, que uma das melhores homenagens aos filmes de espionagem já realizadas.

Agora, chega a inevitável continuação. Neste novo capítulo, ambientado um ano após os acontecimentos do primeiro filme, Eggsy (Egerton), agora agente da Kingsman, precisa salvar a agência, praticamente destruída após um impiedoso ataque de um poderoso cartel de drogas, o Círculo Dourado. Para isto, Eggsy e Merlin (Strong) contarão com a ajuda dos Statesman (uma espécie de Kingsman americana) para combater os planos de Poppy Adams (Moore), comandante do cartel.

O Círculo Dourado traz de volta tudo que tornou o longa original tão querido. A violência cartunesca, o humor negro e as rasas, porém válidas, discussões sociais estão presentes. Se no primeiro longa foi discutido o choque de classes (e gerações), bem como questões de gênero, o novo longa faz um comentário interessante sobre a criminalização das drogas.

É necessário dizer, contudo, que a maior diferença entre os dois filmes é justamente o autocontrole do primeiro, que mesmo com toda ação desenfreada e ritmo rápido, não sacrificava a história em prol da ação. Neste segundo, vemos o exagero, num claro exemplo de fan servicing. Ilustra isso a volta de Colin Firth como o agente Harry. Se a morte de seu personagem no projeto anterior fechava um interessante e coeso arco dramático, sua volta neste filme enfraquece todo o trabalho feito. Depois de investidas duas horas no arco formado pela ascensão de Eggsy e queda de Harry, qual o sentido deste voltar? Além disso, a explicação para sua sobrevivência é ridícula demais, mesmo considerando o universo no qual as obras se passam. Há limites para a suspensão da descrença.

Problemas à parte, há muita coisa para se apreciar em O Círculo Dourado, começando pelo elenco fenomenal, que se dá ao luxo de empregar Elton John numa ponta divertidíssima. Taron Egerton exibe o carisma de sempre, enquanto Julianne Moore se diverte horrores com sua Poppy Adams. A dinâmica entre a pompa britânica dos Kingsman e a descontração de seus colegas americanos, com seus chapéus de cowboy e sotaques marcantes, é um dos pontos altos do projeto. É uma pena, no entanto, que Jeff Bridges e Channing Tatum tenham tido tão poucas cenas. Tomara que este pecadilho seja corrigido numa eventual continuação.

Bastante inchada, com seus 141 minutos de projeção, esta continuação dá sinais de uma autoindulgência perigosa, em se tratando de franquias. É uma pena que o mesmo diretor que consegue subverter conceitos e tocar em temas delicados tenha perdido o autocontrole. Charme e carisma, porém, há de sobra.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z e 20th Century Fox.

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