quarta-feira, 12 de junho de 2019

Crítica: Dor e Glória (2019)













Dirigido e roteirizado por: Pedro Almodóvar. Estrelando: Antonio Banderas, Asier Etxeandia, Leonardo Sbaraglia e Penélope Cruz.

Salvador Mallo (Banderas) é um cineasta em declínio, após um período produtivo que culminou numa cirurgia de coluna, limitando sua saúde. Após a restauração de um dos seus mais famosos filmes, Mallo sai em busca do ator que interpretou o protagonista (Etxeandia) da obra, para que se reconciliem trinta anos depois de terem brigado. Enquanto acompanhamos a decadência física e emocional de Salvador, somos apresentados à memórias de sua infância, nas quais vemos sua mãe, interpretada por Penélope Cruz.

E é com essa premissa que o novo filme de Almodóvar, seu trabalho mais pessoal, começa. Apostando numa narrativa não-linear, acompanhamos à persona fria e desesperançosa de seu protagonista, ao passo que sua versão infantil impede que o roteiro caia no melodrama. De certo modo remetendo ao Chiron de Moonlight, o garoto (sempre esperto e vivaz) percebe-se diferente ainda pequeno, e Almodóvar reforça nossa identificação ao frequentemente enquadrá-lo no terço inferior da composição, deixando-o encurralado.

Antonio Banderas entrega o que provavelmente é a melhor performance de sua carreira, ao passo que Asier Etxeandia é eficiente ao ilustrar a importância de seu personagem na vida do protagonista. E tão interessante quanto as atuações é o design de produção, que aposta em interiores coloridos, como a casa de Mallo, que, com sua enorme coleção obras de arte, tenta preencher seu vazio afetivo.

Finalizando com uma pequena (e divertida) reviravolta, Dor e Glória é o projeto mais intimista das quase quatro décadas de carreira do diretor espanhol. Ao mesclar linhas narrativas, o cineasta destaca a ambiguidade dos fatos. Desse modo, o filme se torna um claro exemplo de autoficção, na qual um narrador não confiável faz com que fiquemos indecisos sobre o que é real e o que não é. Depois do medíocre Os Amantes Passageiros (2013) e do razoável Julieta (2016), é bom vê-lo entregar uma experiência verdadeiramente inspiradora.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: UPI e Universal Pictures.

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