segunda-feira, 27 de maio de 2019

Crítica: Rocketman (2019)













Dirigido por: Dexter Fletcher. Roteiro de: Lee Hall. Estrelando: Taron Egerton, Jamie Bell, Richard Madden e Bryce Dallas Howard.

Contar a história de Elton John não é fácil. Trazendo uma abordagem distinta de todas as cinebiografias de astros do rock vistas até agora (incluindo o mediano Bohemian Rhapsody), o diretor britânico Dexter Fletcher acerta ao investir em um tom irreverente e, ao mesmo tempo, intimista.


Consistindo num musical que utiliza as próprias canções de Elton para impulsionar a narrativa, o roteiro tem como ponto de partida uma das idas do protagonista à uma clínica de reabilitação. Desse modo, ele conta sua história de vida, desde a infância, para seus colegas etilistas. É justamente aí que a esperteza de Fletcher vem à tona. Diretor que assumiu Bohemian Rhapsody após o afastamento de Bryan Singer, Fletcher é hábil ao perceber que, ao colocar o cantor nessa posição, temos na verdade um unreliable narrator, já que nem tudo que John conta na reunião é o que aconteceu de fato, permitindo que seu intérprete (Egerton) tenha mais camadas a explorar.


Taron Egerton (de Kingsman), está impecável como Elton John. Reproduzindo fielmente os maneirismos do cantor, bem como interpretando suas canções, o ator dá peso dramático a ele, evitando cair na imitação e na caricatura. O mesmo não pode ser dito sobre os personagens secundários. Com exceção do letrista vivido por Jamie Bell, os demais personagens soam sempre unidimensionais. O pai frio, a mãe cética, o empresário vilanesco...


Como de costume em biografias de celebridades, o arco gira em torno da ascensão, fundo do poço e redenção. Dito isto, o diretor é hábil ao aproveitar as indumentárias espalhafatosas do músico para ressaltar seu isolamento, o que se encaixa perfeitamente com o formato de musical fantasioso, já que todos os números se passam na mente do astro. Além disso, o projeto não se foca no processo criativo ou nas inspirações por trás das melodias, ao contrário de dezenas de outros filmes sobre cantores ou compositores.


Contagiante e espalhafatoso, o filme peca apenas por tentar incluir o maior número possível de acontecimentos da vida de John, esquecendo-se que, ao contrário de um livro, um roteiro cinematográfico sempre evidencia por si só qualquer elemento desnecessário. Ainda que pontualmente se entregue à convenções, como letreiros finais, verdadeira praga das cinebiografias, Rocketman consegue ser tocante sem tentar colocar panos quentes em acontecimentos polêmicos. De todo modo, é um ótimo filme sobre um grande ícone.


Por Bernardo Argollo


Agradecimentos: Espaço Z e Paramount Pictures.

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