“Carter said you were a great American.”
Dirigido
por: Ben Affleck. Produzido por: Bem Affleck, Grant Heslov, George Clooney.
Roteiro de: Chris Terrio. Estrelando: Ben Affleck, Alan Arkin, John Goodman,
Bryan Cranston, Clea DuVall, Kyle Chandler.
Executado de forma
competente e habitado por personagens interessantes, Argo é, entre outras coisas, a consagração de Ben Affleck como
cineasta e uma homenagem a um dos momentos mais curiosos da história de
Hollywood.
Em 1979, a embaixada
americana em Teerã é invadida por militantes islâmicos, exigindo a extradição
do ex-governante Reza Pahlavi. Seis americanos, entretanto, conseguiram sair da
embaixada antes da invasão e esconderam-se na residência do embaixador do
Canadá. Então Tony Mendez, agente da CIA, tem a ideia de resgatá-los através de
uma equipe de produção de um falso filme de ficção científica, chamado Argo.
A reconstituição da época é
tão minuciosa que, para mostrar a qualidade de seu trabalho, Affleck expôs
parte do material de pesquisa nos créditos finais. Até uma versão antiga do
logo da Warner foi utilizada no início, juntamente com um grão grosso típico de
produções da época.
Apesar de conduzir a
narrativa com maturidade e segurança admiráveis, o longa apresenta alívios
cômicos que, embora funcionem perfeitamente, diluem o clima de tensão tão
necessário a thrillers políticos.
Assim, o que vê-se na tela é a oposição entre as cenas tensas e urgentes
ambientadas no Irã e a leveza das sequências passadas em Hollywood (“Se ele
soubesse atuar, não estaria fazendo o minotauro”). Tal dualidade é expressa
brilhantemente pelo diretor de fotografia Rodrigo Pietro, ao inserir cores
quentes em Los Angeles e abusar de uma paleta dessaturada em Teerã.
A ideia do resgate através do
filme falso, que hoje soa ridícula e absurda devido aos inúmeros artefatos
disponíveis para controlar a imigração, é incorporado no roteiro de uma forma
orgânica e funcional, sem jamais soar forçado. Por outro lado, o clímax da
projeção peca pelo artificialismo excessivo, já que fica latente que os
realizadores tentaram a todo custo incutir um suspense e uma tensão que
simplesmente não existiram ali, o que entra em contradição com a proposta (e
execução) completamente verossímil e realista.
Longe do charme e
extravagância de espiões como Ethan Hunt e James Bond, Ben Affleck compreende a
importância da economia na atuação e compõe seu Tony Mendez como um sujeito
discreto, cuja maior habilidade reside justamente em conseguir passar
despercebido. Dessa forma, não duvidamos da capacidade do agente nem por um
segundo e simultaneamente, a narrativa consegue manter-se coesa mesmo com grande número de personagens.
Contando com figurinos que
retratam com eficiência o estado de espírito dos personagens e uma trilha
sonora apenas bonitinha, Bem Affleck construiu um longa que, aclamado com o
Oscar de Melhor Filme, sem dúvida se impõe como uma das melhores produções de
2012, recuperando a credibilidade de Hollywood no que diz respeito à frase
“baseado em fatos reais”.
Por Bernardo Argollo
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