sexta-feira, 5 de abril de 2013

Crítica: Argo (2012)













“Carter said you were a great American.”

Dirigido por: Ben Affleck. Produzido por: Bem Affleck, Grant Heslov, George Clooney. Roteiro de: Chris Terrio. Estrelando: Ben Affleck, Alan Arkin, John Goodman, Bryan Cranston, Clea DuVall, Kyle Chandler.

Executado de forma competente e habitado por personagens interessantes, Argo é, entre outras coisas, a consagração de Ben Affleck como cineasta e uma homenagem a um dos momentos mais curiosos da história de Hollywood.

Em 1979, a embaixada americana em Teerã é invadida por militantes islâmicos, exigindo a extradição do ex-governante Reza Pahlavi. Seis americanos, entretanto, conseguiram sair da embaixada antes da invasão e esconderam-se na residência do embaixador do Canadá. Então Tony Mendez, agente da CIA, tem a ideia de resgatá-los através de uma equipe de produção de um falso filme de ficção científica, chamado Argo.


A reconstituição da época é tão minuciosa que, para mostrar a qualidade de seu trabalho, Affleck expôs parte do material de pesquisa nos créditos finais. Até uma versão antiga do logo da Warner foi utilizada no início, juntamente com um grão grosso típico de produções da época.

Apesar de conduzir a narrativa com maturidade e segurança admiráveis, o longa apresenta alívios cômicos que, embora funcionem perfeitamente, diluem o clima de tensão tão necessário a thrillers políticos. Assim, o que vê-se na tela é a oposição entre as cenas tensas e urgentes ambientadas no Irã e a leveza das sequências passadas em Hollywood (“Se ele soubesse atuar, não estaria fazendo o minotauro”). Tal dualidade é expressa brilhantemente pelo diretor de fotografia Rodrigo Pietro, ao inserir cores quentes em Los Angeles e abusar de uma paleta dessaturada em Teerã.

A ideia do resgate através do filme falso, que hoje soa ridícula e absurda devido aos inúmeros artefatos disponíveis para controlar a imigração, é incorporado no roteiro de uma forma orgânica e funcional, sem jamais soar forçado. Por outro lado, o clímax da projeção peca pelo artificialismo excessivo, já que fica latente que os realizadores tentaram a todo custo incutir um suspense e uma tensão que simplesmente não existiram ali, o que entra em contradição com a proposta (e execução) completamente verossímil e realista.

Longe do charme e extravagância de espiões como Ethan Hunt e James Bond, Ben Affleck compreende a importância da economia na atuação e compõe seu Tony Mendez como um sujeito discreto, cuja maior habilidade reside justamente em conseguir passar despercebido. Dessa forma, não duvidamos da capacidade do agente nem por um segundo e simultaneamente, a narrativa consegue manter-se coesa mesmo com  grande número de personagens.


Contando com figurinos que retratam com eficiência o estado de espírito dos personagens e uma trilha sonora apenas bonitinha, Bem Affleck construiu um longa que, aclamado com o Oscar de Melhor Filme, sem dúvida se impõe como uma das melhores produções de 2012, recuperando a credibilidade de Hollywood no que diz respeito à frase “baseado em fatos reais”.

Por Bernardo Argollo

All frames used here belong to Warner Bros. and Blu-ray.com.

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