terça-feira, 20 de julho de 2021

Crítica: Um Lugar Silencioso - Parte II (2020)

Escrito e dirigido por: John Krasinski. Fotografia de: Polly Morgan. Estrelando: Emily Blunt, Cillian Murphy, Millicent Simmonds, Noah Jupe, Djimon Hounsou e John Krasinsk.

Um Lugar Silencioso II teve sua prèmiere há exatos 499 dias, em 8 de março de 2020, no Rose Theater do Lincoln Center, Nova York. Estrearia para o público no dia 20 daquele mês. Chegou a ser exibido para a imprensa em alguns países, críticas e reviews ficaram prontos para serem publicados e, claro, um artista estava ansioso para mostrar seu novo trabalho ao mundo. Ainda guardo, na minha caixa de e-mail, o convite para a sessão de imprensa que nunca fora realizada. Assim como o da família Abbott, nosso mundo também nunca mais foi o mesmo.

Mais uma vez roteirizado por John Krasinski, que dirige e escreve ainda melhor do que atua, acompanhamos aqui Evelyn (Blunt) e seus filhos imediatamente após o fim dos eventos do primeiro filme. Revelando a origem das criaturas num prólogo de tirar o fôlego, esta continuação consegue nos manter ainda mais engajados. Além de já conhecermos bem os personagens, agora também sabemos o ponto fraco dos vilões.

Eficiente em sua estrutura e explorando temas diversos, o projeto abre ainda mais espaço para a jovem Millicent Simmonds que, talentosíssima, protagoniza um dos planos mais antológicos de 2020, no qual, acreditando ter sido enganada, olha desolada para o horizonte. Já o recluso Emmet (Murphy, da ótima Peaky Blinders) faz um contraponto interessante ao falecido patriarca, já que, apesar do mindset distinto, exibe trejeitos que remetem, intencionalmente ou não, ao personagem de Krasinski.

Mais uma vez fotografado em 35mm anamórfico, desta vez por Polly Morgan (de Lucy in the Sky), Parte II aposta na insubstituível estética da película para realçar suas ideias, indiferente ao digital que domina o Cinema. Assim, a diretora de fotografia aproveita ao máximo as possibilidades do celuloide, especialmente em certa sequência envolvendo luzes azuis e vermelhas. O alcance dinâmico espetacular do film stock da Kodak (provavelmente da série Vision) realça uma lógica cromática óbvia, mas perfeita.

E, claro, não poderia encerrar este texto sem destacar os momentos de cooperação, conexão e comunidade vistos aqui, que certamente adquiriram novos contornos interpretativos, dada a atual conjuntura. Juntando-se à "Parte I" como uma das obras de suspense mais eficientes dos últimos anos, este projeto leva o espectador para fora da sala com uma sensação intensa de angústia. A abordagem, portanto, foi assertiva. No fim das contas, é só isso que importa. Falta de originalidade nunca será problema para um cineasta talentoso.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z, Paramount Pictures e todos aqueles presentes na sessão de imprensa de Um Lugar Silencioso II, por acreditarem na experiência inesquecível de assistir um filme no cinema.

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