quinta-feira, 29 de julho de 2021

Crítica: Tempo (2021)

Escrito e dirigido por: M. Night Shyamalan. Fotografia de: Mike Gioulakis. Estrelando: Gael García Bernal, Vicky Krieps, Rufus Sewell, Alex Wolff, Thomasin McKenzie, Abbey Lee, Nikki Amuka-Bird e Ken Leung.

Shyamalan possui uma filmografia interessante, no mínimo. Alçado ao estrelato pelos excelentes O Sexto Sentido e Corpo Fechado, o diretor foi deixando a desejar a cada novo trabalho. O "novo Hitchcock" ficou progressivamente pior, até chegar em atrocidades que sequer me atrevo a mencionar. Eis que, em 2016, o cineasta recuperou um pouco de sua antiga forma, em Fragmentado. O longa estrelado por James McAvoy é irregular, mas aqui e ali mostra alguns dos elementos que transformaram Shyamalan num nome difícil de ser ignorado, mesmo em meio a tantas controvérsias.

Inspirado pela HQ franco-suíça Sandcastle, Tempo conta a história de uma família que vai passar o fim de semana num hotel paradisíaco. Indo relaxar em um local isolado da costa, eles descobrem que estão, inexplicavelmente, envelhecendo rápida e progressivamente. A praia, por algum motivo, tem esse efeito sobre os que a habitam. Segundos tornam-se dias. Minutos tornam-se meses. Horas tornam-se anos.

E é com essa premissa (bem interessante, convenhamos) que o cineasta conduz seu projeto. Ele se prejudica, contudo, pela obrigação que impôs a si mesmo de sempre trazer uma reviravolta surpreendente no terceiro ato. O que antes era uma carta na manga, virou uma armadilha. Aqui, tal reviravolta não é somente previsível para todo e qualquer espectador (não somente os familiarizados com a filmografia), como também sabota o próprio longa, diluindo boa parte de seu peso dramático.

Por mais que eu seja cético com relação a tudo que vem de Shyamalan, sou obrigado a admitir que ele é capaz de criar cenas absolutamente angustiantes. Seu talento como cineasta é inegável. Não tenho vergonha de dizer que me peguei várias vezes cobrindo a boca com a mão durante a projeção. Tudo isso, é claro, não seria possível sem a fotografia de Mike Gioulakis que, com sua vasta experiência rodando filmes de suspense, consegue evocar angústia apenas com uma mudança sutil no brilho e contraste.

E, após todos esses momentos de tensão, temos um final que traz respostas honestas, porém insossas. Evitando, desta vez, uma explicação excessivamente sobrenatural, o projeto exagera nas exposições, mostrando eventos que poderíamos facilmente imaginar nós mesmos. E nada pode ser mais forte, mais assustador ou mais completo do que a nossa própria imaginação.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z, Warner Brothers, Universal Pictures e todos aqueles presentes na sessão de imprensa de Tempo, por acreditarem na experiência inesquecível de assistir um filme no cinema.

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