quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Crítica: Entre Facas e Segredos (2019)













Escrito e dirigido por: Rian Johnson. Fotografia de: Steve Yedlin. Estrelando: Daniel Craig, Chris Evans, Ana de Armas, Jamie Lee Curtis, Michael Shannon, Don Johnson, Toni Collette, Lakeith Stanfield e Christopher Plummer.

Dois anos após o sublime (e polêmico) Os Últimos Jedi, o cineasta Rian Johnson investe numa trama investigativa. Flertando com o drama familiar, seu novo projeto reúne um elenco afiado em mais um exemplar do subgênero whodunnit.


Reminiscente das obras de Agatha Christie, a narrativa aborda a morte do famoso escritor Harlan Thrombey (Plummer), encontrado morto na manhã após a festa de seu 85º aniversário. Apesar da cena sugerir suicídio, não é o que pensa o detetive Benoit Blanc (Craig) que, contratado anonimamente, envolve-se na investigação. Desse modo, todos os familiares presentes na comemoração, incluindo filhos, netos e até os funcionários, se tornam suspeitos.


Interessado mais na exploração da dinâmica entre os personagens e no jogo pista-recompensa do que
 no mistério em si, o longa de Johnson se diferencia do sul-coreano Parasita ao centrar-se na família, ao invés da sociedade como um todo. O cineasta faz observações cruéis (mas verdadeiras) sobre as relações familiares, e muitos espectadores se identificarão imediatamente com situações ali apresentadas. Vemos aqui a nora interesseira, a neta pseudoidealista, o neto playboy bancado pelos pais e, claro, o filho que afirma ter vencido na vida, pois administra o negócio dado por seu pai. 

Ainda que acerte em suas escolhas artísticas, como razão de aspecto menor, cenários rebuscados e exageros típicos do gênero, o projeto não é isento de falhas. Mesmo brincando habilmente com as convenções do gênero, o diretor-roteirista (não leia o resto do parágrafo caso ainda não tenha assistido ao filme!) cai no velho clichê do vilão que confessa tudo enquanto é gravado secretamente. E convenhamos: quem faria isso em 2019? Além de prejudicar um terceiro ato belamente construído, personagens agindo contra a própria natureza acabam com a suspensão da descrença.


Fazendo comentários sobre sucessão patrimonial, direito de família e meritocracia, o projeto ainda encontra tempo para abordar geopolítica, trazendo uma piada recorrente sobre a nacionalidade de certa personagem. Encerrando-se com um plano emblemático, Entre Facas e Segredos rima tematicamente com Os Últimos Jedi, fazendo-nos lembrar que, um dia, talvez os humilhados sejam mesmo exaltados.


Por Bernardo Argollo


Agradecimentos: Espaço Z e Paris Filmes.

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