terça-feira, 1 de outubro de 2019

Crítica: Coringa (2019)













Dirigido por: Todd Phillips. Roteiro de: Todd Phillips e Scott Silver. Fotografia de: Lawrence Sher. Estrelando: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz e Frances Conroy.

Em certo momento de Coringa, o personagem abre seu diário e a seguinte frase pode ser lida: "o problema em ter uma doença mental é que as pessoas esperam que você se porte como se não tivesse". E é com esse mote que Todd Phillips conduz seu ambicioso estudo de personagem sobre o vilão mais icônico da DC.


Sem uma trama definida e ambientado na transição dos anos 1970 para 1980, o roteiro, co-escrito pelo próprio diretor, acompanha a trajetória de Arthur Fleck (Phoenix), homem que paga suas contas trabalhando como palhaço durante o dia, enquanto tenta se inserir como humorista de stand-up à noite. Até que, numa dessas noites, assassina três corretores de bolsa de valores no metrô.


Focado única e exclusivamente no personagem-título, o longa evita referências a outros personagens da DC, com exceção (claro) da família Wayne. Exibindo uma magreza cadavérica, Joaquin Phoenix entrega uma das melhores performances de sua carreira. Trazendo um semblante com olhos tristes, que parece sempre preparado para irromper numa risada histérica, o ator certamente será indicado a vários prêmios por este trabalho. A reconstituição da época combina-se perfeitamente com a fotografia de Lawrence Sher, ajudando a estabelecer a existência miserável de Arthur e de sua mãe, vivida pela sempre ótima Frances Conroy (de Six Feet Under).


A montagem, infelizmente, acaba enfraquecendo a narrativa, como na cena envolvendo uma revelação sobre a natureza da relação do palhaço com sua vizinha (Beetz), na qual rápidos flashbacks mostram coisas que já deduzimos ao ouvir o diálogo. De todo modo, esta versão da trajetória do vilão parece ter dado origem a um acalorado debate sobre seus subtextos políticos e suposta mensagem "antissistema". O projeto, de fato, merece aplausos por abordar o descaso da classe política aos mais necessitados, a solidão e o abandono (tão comuns em grandes cidades) e, naturalmente, doenças mentais.


Tropeçando ligeiramente em seus minutos finais, e perdendo com isso a oportunidade de finalizar com um plano belíssimo, Coringa acerta por evitar o melodrama que tantos outros realizadores abraçariam. Isto 
é, sem dúvida alguma, indicativo do futuro promissor de seu diretor.

Por Bernardo Argollo


Agradecimentos: Espaço Z e Warner Bros.

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