terça-feira, 13 de agosto de 2019

Crítica: Era Uma Vez Em... Hollywood (2019)













Escrito e dirigido por: Quentin Tarantino. Fotografia de: Robert Richardson. Estrelando: Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Margot Robbie, Emile Hirsch, Kurt Russell, Bruce Dern, Timothy Olyphant e Al Pacino.

Atenção: este texto aborda detalhes da trama do filme.

Era Uma Vez Em... Hollywood, como todo projeto de Quentin Tarantino, retrata a obsessão de seu realizador pelo Cinema e sua percepção da arte. Nono projeto do cineasta (e anunciado como tal), o longa narra a jornada de Rick Dalton (DiCaprio), ator de televisão em decadência, e seu dublê e melhor amigo Cliff Booth (Pitt). Simultaneamente, acompanhamos a atriz Sharon Tate (Robbie), em sua andanças pela Cidade dos Anjos. Embora conte com um terceiro ato bem delimitado, o roteiro não segue uma trama definida, optando por desenvolver os personagens e as relações entre eles de maneira mais episódica, como de costume na filmografia do diretor.


Atento aos mínimos detalhes, Tarantino não hesita em abrir seu filme com um logo antigo da Columbia. Investe, também, num design de produção que reconstitui o período com um preciosismo quase obsessivo. Há inúmeras referências, por meio de pôsteres, letreiros com produções da época em marquises de cinemas, músicas... Tudo isso cria um interessante (e idealizado) retrato da Los Angeles do fim dos anos 1960. Assumindo um tom inesperadamente tenso toda vez que Tate entra em cena, o longa não hesita ao retratá-la com reverência absoluta, o que é ressaltado pela performance eficiente de Margot Robbie. Dito isto, é quase comovente notar o afeto que Tarantino demonstra no momento em que a jovem vai a um cinema assistir Arma Secreta Contra Matt Helm, filme do qual participou. Ao invés de recriar as cenas, o cineasta optou por manter a Tate real na tela. 


E não podemos falar da performance de Robbie sem citar a de seus colegas. Leonardo DiCaprio se sai bem como o vulnerável Dalton, que se equilibra entre a insegurança do artista e a imagem que este busca projetar. Como de costume, Brad Pitt destaca-se na fisicalidade de seu personagem, que o ajuda a compor um sujeito de caráter ambíguo, mas de personalidade dócil e divertida.


Apesar de tudo, acredito que Era Uma Vez nunca será unanimidade. Assim como Hitler não morreu num cinema parisiense, a noite de 8 de agosto de 1969 não acabou bem para Sharon Tate. Para muitos em Los Angeles, o assassinato da jovem atriz, por membros da família Manson, simbolizou o fim de uma era. Uma era pela qual Tarantino nutre profunda nostalgia.


É bem provável que esse final até mesmo irrite boa parte do público, que possivelmente repreenderá certa decisão tomada pelo diretor-roteirista. Se este for seu caso, sugiro que tente refletir sobre os acontecimentos de maneira alegórica, não literal. Se Dalton e Booth conseguiram evitar o assassinato de Sharon Tate, isso significa que a Era de Ouro de Hollywood não terminou? Se Tate e seus amigos nunca foram mortos, talvez esse mundo, que Tarantino cuidadosamente recriou, possa nunca ter morrido também. Afinal de contas, Cliff Booth salvou o dia.


Por Bernardo Argollo


Agradecimentos: Espaço Z e Sony Pictures

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