sexta-feira, 27 de julho de 2018

Crítica: Vidas à Deriva (2018)













Dirigido por: Baltasar Kormákur. Roteiro de: Aaron Kandell, Jordan Kandell. Estrelando: Shailene Woodley, Sam Claflin, Grace Palmer, Jeffrey Thomas, Elizabeth Hawthorne.

Muita gente deve estar mais do que acostumada com os filmes de drama que se baseiam em histórias reais de acidentes e tentativas de sobrevivência. Várias dessas obras oscilam entre o medíocre e o (com o perdão do trocadilho) catastrófico, visto que há limitações naturais em fatos que, muitas vezes, não formam um “enredo” cinematográfico – o que pode resultar numa obra entediante, ou forçada em suas liberdades artísticas. No filme "Vidas à Deriva", temos aspectos bem criativos e envolventes... assim como alguns fatores falhos e incômodos.

Dirigido pelo pouco conhecido Baltasar Kormákur, o longa se passa em 1983, e conta a história real de Tami Oldham e Richard Sharp, um casal de velejadores que tenta sobreviver no meio do oceano pacífico, após terem sido atingidos por uma terrível tempestade. A opção por uma narrativa entrecortada (momentos do presente e do passado, alternados) se mostrou acertada, visto que precisamos conhecer toda a história do casal, ao mesmo tempo em que somos jogados, desde os primeiros minutos, em vários momentos-chave da “jornada”.

Tal narrativa poderia ser ainda mais interessante se não fosse pelo excesso de clichês românticos, cafonas e sentimentais ao longo do desenvolvimento da dupla enquanto casal. Aqui temos um comprometimento do diretor com o gênero de romance propriamente dito, o que traz resultados bem mistos: da funcionalidade total para história, até uma pieguice que, por vezes, é mais nauseante do que um enjoo marítimo.

Richard Sharp é um personagem insosso como um isopor, mas consegue nos atrair de alguma forma, devido à exemplar atuação de Sam Claflin. Já a protagonista Tami Oldham, interpretada com maestria por Shailene Woodley, é multidimensional, carismática, e cheia de surpresas – inclusive por apresentar um pouco de vulnerabilidade e carência, apesar de toda a sua força.

Na aventura propriamente dita, Kormákur acerta em cheio, especialmente por não se render a apelações narrativas, visuais e sonoras. Todos os momentos tensos são diretos e realistas. Destaque especial para o seu ato final, que não apenas justifica a narrativa entrecortada, como também nos presenteia com uma reviravolta que eleva os últimos minutos do filme a um patamar que beira o brilhantismo.

No final das contas, "Vidas à Deriva" se faz valer como um filme levemente diferente de outros exemplares do gênero “histórias reais de catástrofe e sobrevivência”. Com valores interessantes de produção e fotografia – em especial, nas lindas e recorrentes tomadas embaixo d’água -, Baltasar Kormákur se mostra um diretor que ainda pode crescer bastante, inclusive por nos fazer pensar sobre formas paradoxais de nos mantermos “com a cabeça no lugar” em situações de vida ou morte.


Por Fábio Cavalcanti

Agradecimentos: Diamond Films Brasil e Lakeshore Entertainment.

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