quarta-feira, 1 de junho de 2016

Crítica: Warcraft (2016)













Dirigido por: Duncan Jones. Roteiro de: Duncan Jones, Charles Leavitt. Produzido por: Thomas Tull, Jon Jashni. Estrelando: Travis Fimmel, Ben Foster, Paula Patton, Dominic Cooper, Toby Kebbell.

Eis que, quase uma década depois de começar a ser idealizado, Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos, sai do papel. Tendo dado origem a quadrinhos, livros e outros derivados, World of Warcraft é uma bem-sucedida série de videogames que, apostando num universo fantasioso ao mesmo tempo original e familiar, conquistou legiões de fãs e o interesse de hollywood ao longo de vinte e dois anos. O resultado foi, no mínimo, irregular.

Dirigido pelo novato Duncan Jones, o filme se passa no universo fantástico de Azeroth, concentrando sua narrativa sob a perspectiva do orc Durotan (Kebbell), que luta para proteger sua família e de Lothar (Fimmel), general humano que também visa defender seu povo. A trama cobre basicamente os eventos iniciais do jogo, mostrando como começou a rivalidade entre as diversas raças.

É justamente aí que reside o maior problema do projeto que, ávido para agradar aos fãs, simplesmente vomita conceitos sem o devido desenvolvimento. Dessa forma, o espectador que não teve nenhum tipo de contato com o material fonte terá sérias dificuldades em entender as regras e vicissitudes daquele universo, o que é totalmente absurdo, já que uma obra cinematográfica deve se sustentar por si mesma. Assim como as fãs da “saga” Crepúsculo, que argumentavam dizendo que “não gostou do filme porque não leu o livro”, certamente fãs do videogame dirão que “não gostou porque não jogou”. Assim como Cinema não é literatura, também não é videogame. Novos tempos, velhos dilemas...

As figuras ali presentes, contudo, são razoavelmente interessantes e conseguem sustentar o projeto. Não duvidamos por um momento sequer da dedicação de Durotan à sua família, assim como o conflito interno da orquisa Garona (Patton) nunca deixa de soar convincente. É uma pena que Travis Fimmel, ator que, de um modo geral, admiro, apresente uma composição absolutamente idêntica à que usa no Ragnar Lothbrok da série Vikings, o que só limita o potencial dramático do personagem. Os demais personagens são unidimensionais e, portanto, jamais tememos pelos seus destinos. A morte de certo soldado, cuja identidade não revelarei, deveria ter forte impacto emocional, mas acaba sendo inócua.

Visualmente impressionante como esperado, o longa investe em cenários grandiosos - meu favorito é o prédio inspirado na Basílica de Santa Sofia - e figurinos eficientes, embora excessivamente artificiais. Como todo projeto que depende pesadamente de CGI, os efeitos visuais ora são convincentes, ora cartunescos. Assim, cenas de ação carecem de fisicalidade e alguns personagens incomodam pelos olhos sem vida, comuns em criaturas digitais. Como algumas delas remetiam a Labirinto (1986), não deixa de ser interessante especular o que o mestre Jim Henson seria capaz de fazer com um projeto desses.

A fotografia investe em cores marcantes, que se contrapõem à tonalidade sombria presente em quase todos os épicos de fantasia. A versão 3D (convertida) é razoável, com boa profundidade e sem cometer o pavoroso erro de atirar objetos em direção ao espectador. O diretor de fotografia Simon Duggan, porém, utiliza recursos adequados somente ao 2D, como a mudança brusca de foco e profundidade de campo mínima.

Deixando diversas pontas soltas, que deverão ser amarradas em possíveis continuações (como o preguiçoso subtítulo prenuncia), Warcraft é suficientemente eficaz para agradar o espectador casual e ainda mais os fãs do jogo. Mesmo assim, acaba se parecendo demais com o que realmente é, um Senhor dos Anéis água-com-açúcar e bem menos envolvente. A comparação pode ser injusta, talvez, mas é derradeira e inevitável.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z e Universal Pictures.

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