“Immortality becomes you.”
Título original: The Twilight
Saga – Breaking Dawn Part 2. Dirigido
por: Bill Condon. Produzido por: Wyck Godfrey, Karen Rosenfelt, Stephenie Meyer.
Roteiro de: Melissa Rosenberg. Montado por: Virginia Katz. Fotografia de: Guillermo
Navarro. Música de: Carter Burwell. Estrelando: Kristen Stewart,
Robert Pattinson, Taylor Lautner, Mackenzie Foy, Billy Burke, Kellan Lutz.
Longe de ser tão pavoroso
quanto os quatro longas anteriores, Amanhecer
– Parte 2 conta, pelo menos, com uma história para contar e alguns novos e
interessantes personagens. Assim, afasta-se do romance que era seu único e
exclusivo foco. Chega a ser um bom filme, considerando-se que alguma qualidade
é sempre melhor que qualidade nenhuma.
O roteiro, novamente escrito
por Melissa Rosenberg, narra as consequencias de um mal-entendido que leva os
Volturi (um tipo de realeza vampiresca) a acreditarem que os Cullen
desrespeitaram uma antiga lei da espécie. Concomitantemente, acompanha-se os
resultados da transformação da protagonista em vampira e do polêmico imprinting do lobisomem Jacob com
Renesmee (que nome lindo, não é?), a filha do casal principal, concebida,
inicialmente, com pobres efeitos visuais.
Contando com uma campanha
publicitária copiada de franquias demasiado superiores, o filme acerta ao
adotar um tom mais tenso e urgente. Uma transformação em vampiro nunca fez tão
bem a alguém como fez a Bella. Deixando para trás seu semblante depressivo e
sua postura apática (beirando o suicida), Bella torna-se uma figura mais
digerível, enquanto explora suas novas capacidades e aprende a lidar com seu
dom.
Mesmo que (finalmente!) o
público tenha um enredo para acompanhar, ainda tem que encarar uma breguíssima
cena de sexo entre Bella e Edward. Abusando de todos os clichês possíveis e
imagináveis (como o uso da contraluz e de planos-detalhe exibindo mãos e coxas), a
cena é a síntese do que realmente está levando milhões de adolescentes
frenéticas ao cinema. Deve-se ressaltar, contudo, que nunca é tarde para
evoluir um pouco. Desta vez, Jacob espera quinze minutos para tirar a camisa,
ao invés dos quinze segundos do episódio anterior.
Alguns estereótipos
preconceituosos trazem à tona a ignorância da incompetentíssima Stephenie Meyer
em relação a outras culturas. Note que é sugerido, por exemplo, que os
irlandeses são bêbados. E essa é só uma das insinuações do roteiro (copiadas,
fielmente, do livro).
A produção surpreende
positivamente com cenas cruéis, mostrando que os realizadores tem um mínimo de
ousadia narrativa. Ainda assim, os cortes abruptos não deixam claro como o
pequeno grupo reunido pelos Cullen foi capaz de subjugar o numeroso exército
dos Volturi. O clímax é, sem dúvida, bem executado e funciona razoavelmente,
mas evidencia a covardia e a obviedade da escritora e da roteirista ao
simplesmente anular momentos importantes a fortíssimos. Além disso, deixa
pontas soltas e simplesmente não resolve a trama.
É impossível escrever sobre Amanhecer – Parte 2 e não citar a
impagável atuação de Michael Sheen como o vilão Aro. Apoiado numa construção
extremamente caricata, o ator é incrível. Ele se diverte imensamente a cada
cena, pouco se importando com o filme. Ele está claramente tirando sarro de
todo mundo, tomando as decisões como ator que acha adequadas, completamente
descomprometido com o entorno. É a melhor atuação de todo o filme.
Tropeços como o óbvio uso de
Jasper e Alice como deus ex machina,
como a falta de aprofundamento na própria mitologia (perdoável, afinal não se
pode esperar mais de Meyer, não é mesmo?) e como a insistência em diálogos
expositivos e melosos que jamais ajudaram a solidificar o romance do casal
Bella e Edward não invalidam as boas decisões criativas e a direção consistente
desenvolvida por Bill Condon nesse último capítulo. Cabe ao espectador decidir
se vale a pena enfrentar quatro longas como os anteriores para chegar nesse,
que, surpreendentemente, tem alguma qualidade.
Por Bernardo Argollo
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