sábado, 17 de novembro de 2012

Crítica: A Saga Crepúsculo | Amanhecer - Parte 2 (2012)













“Immortality becomes you.”

Título original: The Twilight Saga – Breaking Dawn Part 2. Dirigido por: Bill Condon. Produzido por: Wyck Godfrey, Karen Rosenfelt, Stephenie Meyer. Roteiro de: Melissa Rosenberg. Montado por: Virginia Katz. Fotografia de: Guillermo Navarro. Música de: Carter Burwell. Estrelando: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner, Mackenzie Foy, Billy Burke, Kellan Lutz.

Longe de ser tão pavoroso quanto os quatro longas anteriores, Amanhecer – Parte 2 conta, pelo menos, com uma história para contar e alguns novos e interessantes personagens. Assim, afasta-se do romance que era seu único e exclusivo foco. Chega a ser um bom filme, considerando-se que alguma qualidade é sempre melhor que qualidade nenhuma.

O roteiro, novamente escrito por Melissa Rosenberg, narra as consequencias de um mal-entendido que leva os Volturi (um tipo de realeza vampiresca) a acreditarem que os Cullen desrespeitaram uma antiga lei da espécie. Concomitantemente, acompanha-se os resultados da transformação da protagonista em vampira e do polêmico imprinting do lobisomem Jacob com Renesmee (que nome lindo, não é?), a filha do casal principal, concebida, inicialmente, com pobres efeitos visuais.

Contando com uma campanha publicitária copiada de franquias demasiado superiores, o filme acerta ao adotar um tom mais tenso e urgente. Uma transformação em vampiro nunca fez tão bem a alguém como fez a Bella. Deixando para trás seu semblante depressivo e sua postura apática (beirando o suicida), Bella torna-se uma figura mais digerível, enquanto explora suas novas capacidades e aprende a lidar com seu dom.

Mesmo que (finalmente!) o público tenha um enredo para acompanhar, ainda tem que encarar uma breguíssima cena de sexo entre Bella e Edward. Abusando de todos os clichês possíveis e imagináveis (como o uso da contraluz e de planos-detalhe exibindo mãos e coxas), a cena é a síntese do que realmente está levando milhões de adolescentes frenéticas ao cinema. Deve-se ressaltar, contudo, que nunca é tarde para evoluir um pouco. Desta vez, Jacob espera quinze minutos para tirar a camisa, ao invés dos quinze segundos do episódio anterior.

Alguns estereótipos preconceituosos trazem à tona a ignorância da incompetentíssima Stephenie Meyer em relação a outras culturas. Note que é sugerido, por exemplo, que os irlandeses são bêbados. E essa é só uma das insinuações do roteiro (copiadas, fielmente, do livro).

A produção surpreende positivamente com cenas cruéis, mostrando que os realizadores tem um mínimo de ousadia narrativa. Ainda assim, os cortes abruptos não deixam claro como o pequeno grupo reunido pelos Cullen foi capaz de subjugar o numeroso exército dos Volturi. O clímax é, sem dúvida, bem executado e funciona razoavelmente, mas evidencia a covardia e a obviedade da escritora e da roteirista ao simplesmente anular momentos importantes a fortíssimos. Além disso, deixa pontas soltas e simplesmente não resolve a trama.

É impossível escrever sobre Amanhecer – Parte 2 e não citar a impagável atuação de Michael Sheen como o vilão Aro. Apoiado numa construção extremamente caricata, o ator é incrível. Ele se diverte imensamente a cada cena, pouco se importando com o filme. Ele está claramente tirando sarro de todo mundo, tomando as decisões como ator que acha adequadas, completamente descomprometido com o entorno. É a melhor atuação de todo o filme.

Tropeços como o óbvio uso de Jasper e Alice como deus ex machina, como a falta de aprofundamento na própria mitologia (perdoável, afinal não se pode esperar mais de Meyer, não é mesmo?) e como a insistência em diálogos expositivos e melosos que jamais ajudaram a solidificar o romance do casal Bella e Edward não invalidam as boas decisões criativas e a direção consistente desenvolvida por Bill Condon nesse último capítulo. Cabe ao espectador decidir se vale a pena enfrentar quatro longas como os anteriores para chegar nesse, que, surpreendentemente, tem alguma qualidade.

Por Bernardo Argollo

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