Dirigido por: David Ayer. Roteiro de: Kurt Wimmer. Fotografia de: Gabriel Berinstain. Estrelando: Jason Statham, Emmy Raver-Lampman, Josh Hutcherson, Bobby Naderi, Minnie Driver, Jeremy Irons e Phylicia Rashad.
David Ayer é um diretor de ação eficiente. Foi o responsável por bobagens divertidas como End of Watch (2012) e Fury (2014). Astuto e dono de um olhar razoável, o americano ficou com má fama, algo injusta, após ter seu Esquadrão Suicida picotado pelos executivos da Warner. O motivo, só podemos especular. Bright, seu trabalho de 2017 para a Netflix, prefiro fingir que nunca existiu.
A narrativa acompanha a “saga” por vingança (claro) do Mr. Clay (Statham), decidido a punir os responsáveis por uma rede de golpes de phishing cuja mas recente vítima foi sua amiga/vizinha Eloise Parker (Rashad). Dona de uma naïveté atroz, a idosa se suicidou após perder todos os seus ativos financeiros, zerados num piscar de olhos. Sim, a premissa é absurda, pois ela nem ao menos tenta contactar os bancos ou denunciar a fraude. Outra conveniência incrível é que nem a CIA nem o FBI parecem ser capazes de levar os criminosos à justiça. Só que Clay, obviamente, é um “Beekeeper”, ou seja, bota todos os outros no chinelo. Naturalmente, todos os Beekeepers trabalham à margem do sistema, para proteger a colmeia (o que quer que isso possa significar).
Jason Statham interpreta o mesmo papel de sempre, e com a qualidade de sempre. O britânico é, sem dúvida, o ator de ação mais prolífico da contemporaneidade, dono de uma filmografia de dar inveja a Van Damme ou Stallone. Reminiscente de John Wick do roteito à indumentária dos vilões (estilosíssima, diga-se de passagem), o projeto provavelmente ficará sempre na sombra do filme estrelado por Keanu Reeves. De todo modo, o filme agradará plateias sedentas por conteúdo com classificação indicativa maior que PG-13, particularmente tolhedora em produções deste gênero específico.
As sequências de ação podem não ser tão inventivas ou fluidas como as de John Wick, mas o projeto merece aplausos pela violência deliciosamente brutal e, em certos momentos, até inesperada. Josh Hutcherson, dono de um carisma proporcional à sua (baixa) estatura, interpreta um vilão caricatural com a inexpressividade habitual. Já Jeremy Irons, com dicção perfeita e cadência exemplar, entrega os diálogos expositivos de modo a quase disfarçar sua verdadeira natureza. Beekeeper é pulp cinema em sua essência. Sanguinolento, energético e esteticamente agradável, o longa tira o gosto ruim de Esquadrão Suicida. Quando um cineasta trabalha com um estúdio que respeita sua visão, os resultados tendem a ser mais animadores.
Por Bernardo Argollo
Agradecimentos: Espaço Z, Diamond Films e Amazon MGM Studios.
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