Dirigido por: Steven S. DeKnight. Roteiro de: Steven S. DeKnight, Emily Carmichael. Estrelando: John Boyega, Scott Eastwood, Jing Tian, Cailee Spaeny, Rinko Kikuchi, Burn Gorman.
Em 2013, o
mestre Guillermo del Toro nos apresentou Círculo de Fogo, provando que filmes
sobre robôs gigantes podem ser interessantes e divertidos. Filme B assumido, o
projeto é simplesmente o melhor do gênero. Com peso dramático, personagens
interessantes e épicas cenas de ação, o longa inevitavelmente daria origem a
continuações. Cinco anos depois, chega aos cinemas esta nova produção, dirigida por Steven S. DeKnight (produtor da série Spartacus).
Passando-se
10 anos após os acontecimentos vistos no original, o roteiro deste Revolta acompanha Jake Pentecost
(Boyega), filho do personagem de Idris Elba, que ganha a vida roubando e
vendendo partes de jägers abandonados no mercado negro, em meio a uma sociedade
que luta para se reconstruir, finda a guerra com os monstros gigantes.
Depois de ser preso, Jake tem de escolher entre a cadeia ou voltar a treinar
recrutas no programa de treinamento de pilotos de jägers, que por sua vez está
ameaçado pela corporação Shao e seu programa de drones, que planeja substituir os robôs tradicionais por versões
totalmente controladas à distância.
O roteiro
tem lá seus problemas. Infelizmente, é recheado de diálogos que parecem
extraídos de livros de auto-ajuda. Outro clichê irritante é a dinâmica eles-se-odeiam-mas-precisam-um-do-outro protagonizada
por Jake e Nate Lambert (Scott Eastwood, filho de Clint). A crítica que o longa
tenta fazer às grandes corporações e, especialmente, à guerra com drones, tema
muito relevante na contemporaneidade, é válida e inesperada, ainda que rasa.
Acertando
por repetir muito do que o longa original tinha de bom, Revolta peca pelo excesso de diálogos expositivos, transformando certos
personagens, como a garotinha vivida por Cailee Spaeny, em um mero recurso para
explicar conceitos ao espectador. As sequências de ação, apesar de eficientes,
não são tão inventivas quanto aquelas dirigidas por del Toro. Enquanto o diretor
mexicano vencia inúmeros desafios técnicos (batalhas se passando à noite e com
chuva, por exemplo) DeKnight optou por uma direção mais econômica. Além disso, as máquinas
aqui vistas se movimentam de maneira excessivamente veloz, contrariando a
Física e denunciando sua natureza digital, algo que del Toro teve o cuidado de
evitar.
Circulo de Fogo: A Revolta é um passatempo divertido,
porém esquecível. Assim como no longa de 2013, não há nenhuma ligação emocional
com o espectador, até mesmo a morte de um personagem importante não causa
qualquer impacto. De toda forma, vibramos com as batalhas, torcemos pelos
jägers e saímos da sala de projeção com a sensação semelhante à que tínhamos
depois de ver um filme bom na Sessão da Tarde. Não dá para pedir mais.
Por
Bernardo Argollo
Agradecimentos: Espaço Z e Universal Pictures.
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