sábado, 8 de setembro de 2012

Crítica: Os Mercenários 2 (2012)


“I now pronounce you man and knife”.

Título original: The Expendables 2. Dirigido por: Simon West. Produzido por: Avy Lerner, Danny Lerner, Kevin King Templeton, Les Weldon. Roteiro de: Richard Wenk, Sylvester Stallone. Montado por: Todd Miller. Fotografia de: Shelly Johnson. Estrelando: Sylvester Stallone, Dolph Lundgren, Jason Statham, Jet Li, Randy Couture, Terry Crews, Liam Hemsworth, Scott Adkins, Nan Yu.

Os Mercenários 2, deveria, teoricamente, ser considerando um filme ruim. Porém, é fato que ele cumpre o que promete e o que se propõe a ser. Diálogos rasos, fotografia ilógica, efeitos visuais ruins e furos no roteiro não tiram o brilhantismo desta continuação de uma excelente homenagem aos icônicos filmes de ação dos anos 1980, sendo uma experiência incrível assisti-la. O filme simplesmente funciona, simplesmente chega ao espectador. O longa sabe explorar suas características, brinca com elas. Ver tantos heróis oitentistas reunidos para 103 minutos de pancadaria deve ser especialmente nostálgico para o público na casa dos quarenta anos, que acompanhou o auge daqueles que hoje brincam com a própria idade.

O roteiro inicia com uma eletrizante cena de ação, ambientada no Nepal, onde o grupo de mercenários resgata um bilionário chinês. A partir de então, o grupo é convocado para resgatar um artefato de um avião acidentado e lá encontram Villain (Van Damme), que provavelmente recebeu esse nome para que não percamos tempo pensando no que ele seja, dada a obviedade da narrativa. Villain rouba o objeto e mata o mais novo integrante do grupo, Billy “the Kid” (interpretado por Liam Hemswoth, irmão de Chris Hemsworth, o Thor).

Os diálogos, apesar de rasos e, algumas vezes, sofríveis, surpreendem por não apresentarem palavrões ou linguagem vulgar. Trata-se de uma exigência de Chuck Norris para participar do filme, cumprida à risca. A ausência de um elemento quase sempre presente nesse gênero não chega a chamar atenção, mas é notada pelo espectador experiente. Além disso, roteiro se diverte ao fazer os personagens dizerem as frases de efeito uns dos outros, o que é eficiente, pois cria humor e disfarça a fragilidade da construção dos diálogos.

A produção é visualmente confusa, exibindo mudanças na fotografia sem nenhum motivo racional ou emocionalmente detectável (a não ser quando o diretor aplica um soft focus afim de disfarçar as marcas do tempo no rosto de Stallone). O quadro é ora granulado, ora liso e ainda alterna momentos de penumbra com outros mais iluminados.

Em vez de desenvolver o personagem de Liam Hemsworth, os desastrados roteiristas optam por eliminá-lo na primeira oportunidade, sendo que ele praticamente já tinha um arco dramático. Sua morte, ainda por cima, dá origem a reflexões vazias e deslocadas (“Porque os que mais merecem viver, os que mais querem fazê-lo morrem – e os que não merecem viver, permanecem?”). Mas isso é pouco perto de ver o mesmo figurante sendo morto duas ou três vezes.

A direção de Simon West é muito melhor que a de Stallone no longa anterior, acertando por trazes ótimas sequências de ação. Seus planos são mais longos e seus movimentos de câmera mais eficazes, pois permitem que os acontecimentos sejam observados, ao contrário dos planos curtíssimos e dos cortes frenéticos de Stallone.

Por fim, o saldo é positivo e a película se estabelece como uma ótima fonte do mais puro entretenimento, prestando uma merecida homenagem a um período que não volta mais. O carisma dos atores e o clima compensam os defeitos, e são eles que fazem com que a película não seja esquecida. Se nem o próprio filme se leva a sério, quem sou eu para levá-lo?

Por Bernardo Argollo

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