“I now pronounce you man and knife”.
Título
original: The Expendables 2. Dirigido por: Simon West. Produzido
por: Avy Lerner, Danny Lerner, Kevin King Templeton, Les Weldon. Roteiro de:
Richard Wenk, Sylvester Stallone. Montado por: Todd Miller. Fotografia de:
Shelly Johnson. Estrelando: Sylvester Stallone, Dolph Lundgren, Jason Statham,
Jet Li, Randy Couture, Terry Crews, Liam Hemsworth, Scott Adkins, Nan Yu.
Os Mercenários 2, deveria,
teoricamente, ser considerando um filme ruim. Porém, é fato que ele cumpre o
que promete e o que se propõe a ser. Diálogos rasos, fotografia ilógica,
efeitos visuais ruins e furos no roteiro não tiram o brilhantismo desta
continuação de uma excelente homenagem aos icônicos filmes de ação dos anos 1980,
sendo uma experiência incrível assisti-la. O filme simplesmente funciona,
simplesmente chega ao espectador. O longa sabe explorar suas características,
brinca com elas. Ver tantos heróis oitentistas reunidos para 103 minutos de
pancadaria deve ser especialmente nostálgico para o público na casa dos
quarenta anos, que acompanhou o auge daqueles que hoje brincam com a própria
idade.
O roteiro inicia com uma
eletrizante cena de ação, ambientada no Nepal, onde o grupo de mercenários
resgata um bilionário chinês. A partir de então, o grupo é convocado para
resgatar um artefato de um avião acidentado e lá encontram Villain (Van Damme),
que provavelmente recebeu esse nome para que não percamos tempo pensando no que
ele seja, dada a obviedade da narrativa. Villain rouba o objeto e mata o mais
novo integrante do grupo, Billy “the Kid” (interpretado por Liam Hemswoth,
irmão de Chris Hemsworth, o Thor).
Os diálogos, apesar de rasos
e, algumas vezes, sofríveis, surpreendem por não apresentarem palavrões ou
linguagem vulgar. Trata-se de uma exigência de Chuck Norris para participar do
filme, cumprida à risca. A ausência de um elemento quase sempre presente nesse
gênero não chega a chamar atenção, mas é notada pelo espectador experiente.
Além disso, roteiro se diverte ao fazer os personagens dizerem as frases de
efeito uns dos outros, o que é eficiente, pois cria humor e disfarça a
fragilidade da construção dos diálogos.
A produção é visualmente
confusa, exibindo mudanças na fotografia sem nenhum motivo racional ou
emocionalmente detectável (a não ser quando o diretor aplica um soft focus afim de disfarçar as marcas
do tempo no rosto de Stallone). O quadro é ora granulado, ora liso e ainda
alterna momentos de penumbra com outros mais iluminados.
Em vez de desenvolver o
personagem de Liam Hemsworth, os desastrados roteiristas optam por eliminá-lo
na primeira oportunidade, sendo que ele praticamente já tinha um arco
dramático. Sua morte, ainda por cima, dá origem a reflexões vazias e deslocadas
(“Porque os que mais merecem viver, os que mais querem fazê-lo morrem – e os que
não merecem viver, permanecem?”). Mas isso é pouco perto de ver o mesmo
figurante sendo morto duas ou três vezes.
A direção de Simon West é
muito melhor que a de Stallone no longa anterior, acertando por trazes ótimas
sequências de ação. Seus planos são mais longos e seus movimentos de câmera
mais eficazes, pois permitem que os acontecimentos sejam observados, ao
contrário dos planos curtíssimos e dos cortes frenéticos de Stallone.
Por fim, o saldo é positivo
e a película se estabelece como uma ótima fonte do mais puro entretenimento,
prestando uma merecida homenagem a um período que não volta mais. O carisma dos
atores e o clima compensam os defeitos, e são eles que fazem com que a película
não seja esquecida. Se nem o próprio filme se leva a sério, quem sou eu para
levá-lo?
Por Bernardo Argollo
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