sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Crítica: Bob Marley - One Love (2024)

Dirigido por: Reinaldo Marcus Green. Roteiro de: Terence Winter, Frank E. Flowers, Zach Baylin e Reinaldo Marcus Green. Fotografia de: Robert Elswit. Estrelando: Kingsley Ben-Adir, Lashana Lynch e James Norton.

Mais um diretor se rendeu ao famigerado subgênero das cinebiografias de músicos. Desta vez, o cineasta responsável pelo razoável King Richard decidiu comandar um projeto dedicado não a atletas, mas ao maior expoente do reggae. Ao contrário dos filmes de super-herói, os longas sobre trajetórias de celebridades estão em plena ascensão. Este ano, diga-se de passagem, teremos também uma produção sobre a Amy Winehouse, cuja vida já foi explorada em 2015 num documentário eficiente. Se a nova dramatização vai se debruçar de fato sobre as mazelas da artista (como o finado Pânico na TV fez de modo memorável), saberemos em breve.

Aqui, temos um roteiro escrito a oito mãos, as do próprio diretor e mais três colaboradores. Excesso de roteiristas nunca é bom sinal, já que, com certa frequência, a junção de sensibilidades diferentes para o mesmo filme resulta em falta de foco. Notório por sua filosofia de paz, amor e negligência com a própria saúde, Bob Marley representou um contraponto histórico à violência de seu país natal. A narrativa adota a tentativa de homicídio sofrida pelo cantor em 1976 como ponto de partida. Em meio a preocupações com a própria segurança na Jamaica, o artista se muda para Londres, onde gravou o álbum Exodus, o mais bem-sucedido de sua carreira.

O longa aposta numa estrutura pouco inspirada, construída de maneira episódica, intercalando sequências com flashbacks oníricos pouco significativos e, portanto, descartáveis. E sou capaz de apostar que esses inserts foram adicionados posteriormente, após os produtores (ou executivos do estúdio) decidirem que faltava "um elemento fantástico" ao longa. Outro ponto fraco é a atuação de Ben-Adir, intérprete habitualmente razoável, mas que aqui atua no piloto automático, deixando que a voz mansa, os dreadlocks e o forte sotaque jamaicano façam todo o trabalho de estruturação do personagem. Lashana Lynch, no entanto, está bastante respeitável como Rita, esposa do cantor. Provavelmente, ela é a única figura capaz de gerar algum engajamento no espectador.

O ponto mais lamentável deste projeto é o fato de ter deixado de fora o que talvez tenha sido o momento mais importante da vida do astro (deixarei que vocês o identifiquem por si mesmos). A passagem é citada, sim, mas quase que como uma nota de rodapé, nos inevitáveis letreiros finais que são uma verdadeira praga nesse tipo de filme. Além de tentar dar passos maiores que as pernas, Green finaliza sua produção num ponto totalmente arbitrário. One Love até flerta com a complexidade, mas se contenta em ser um simples hero worship. Ao contrário de Marley, este filme pode ser tudo, menos notável.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z e Paramount Pictures.

0 comentários:

Postar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Grants For Single Moms