terça-feira, 18 de junho de 2024

Crítica: Clube dos Vândalos (2023)

Escrito e dirigido por: Jeff Nichols. Cinematografia de: Adam Stone. Estrelando: Jodie Comer, Austin Butler, Tom Hardy, Michael Shannon, Mike Faist e Norman Reedus.

Mais uma vez colaborando com a Focus Features (o braço arthouse da Universal), o americano Jeff Nichols, de Loving, desta vez adapta o livro clássico de Danny Lyon. Adiado por conta das greves do ano passado, porém exibido em alguns festivais ainda em 2023, Clube dos Vândalos narra a jornada de um clube de motociclistas fictício, aqui fundado no meio-oeste por um Tom Hardy de modos contidos e cenho sempre franzido. Originalmente concebido como uma segunda família para párias, o grupo desviou-se da visão de seu criador, caminhando gradativamente em direção ao crime organizado.

Iniciado numa narrativa em off, o roteiro acompanha a transição da instituição mencionada no título. Antes um grupo de desajustados, os rapazes liderados por Benny (Butler) e Johnny (Hardy) em direção à marginalidade. As inevitáveis fotografias no final, felizmente, fogem do óbvio e não somente evitam um já desgastado clichê dos filmes baseados em acontecimentos reais, bem como soam poéticas e transportam o espectador para fora da sala reflexivo sobre o que acabou de assistir.

Jodie Comer, do excelente Free Guy, confere peso dramático à esposa de Benny. Austin Butler, no entanto, parece permanecer sempre preso à figura de Elvis Presley e, ainda que seus maneirismos encaixem bem no personagem (ou vice-versa), temo que o destino do ator é o typecasting. Norman Reedus, de The Walking Dead, interpreta aqui uma caricatura de si mesmo, e pouco faz além de proferir frases de efeito pouco inspiradas.

Rodado em 35mm numa razão de aspecto de 2.39:1 (anamórfico), o projeto conta também com uma trilha sonora inspirada, ao empregar músicas incidentais que complementam a recriação de época impecável. Clube dos Vândalos não é nenhum Easy Rider (e Butler jamais será Brando), mas é um retrato eficiente da convulsão social da América anos 1960. O longa de Nichols, pintado com cores tristes, nos mostra a beleza do sonho dos motociclistas. Tal sonho, no entanto, é praticamente impossível.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z e Universal Pictures.

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Grants For Single Moms