quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Crítica: Juntos (2025)

Escrito e dirigido por: Michael Shanks. Cinematografia de: Germain McMicking. Estrelando: Dave Franco, Alison Brie e Damon Herriman.

Após o impacto de The Substance, vivemos a era pós-Fargeat do body horror. Antes um subgênero nichado, hoje o horror físico abre espaço para discussão de questões mais amplas como identidade, corpo e tecnologia. Ou, no caso de Juntos, a codependência e os limites do "eu" são o foco de Michael Shanks em sua estreia na direção.

Tim e Millie (Franco e Brie, casados na vida real) estão juntos há dez anos. Ela é professora do ensino fundamental, e ele insiste numa carreira musical que fica mais constrangedora à medida que a idade avança. Na tentativa de mudar as coisas, os dois decidem deixar a cidade para trás e se mudar para o interior. E, claro, tal mudança culmina num incidente sobrenatural que expõe verdades desconfortáveis sobre si mesmos.

No núcleo dramático da narrativa, está a força que os une fisicamente, uma metáfora visual poderosa para os perigos da simbiose emocional entre parceiros. A direção é hábil em nos convidar à reflexão sobre até que ponto a união pode ser saudável e em que momento se torna prisão. A fotografia de Germain McMicking é correta, pois sabe usar luz e sombras para evocar ansiedade e medo. É sempre bom ver que a facilidade proporcionada pela captura em log, embora valiosa, nem sempre enfraquece o olhar autoral e o apuro técnico necessário para uma boa cinematografia. 

A mistura de efeitos práticos e digitais é eficiente, mas há pelo menos um plano de CGI constrangedoramente ruim durante o terceiro ato. A fusão corporal, que tinha potencial para evocar inquietação, apresenta-se com texturas plásticas mal renderizadas, animações abruptas e o que parece ser um compósito parcialmente incabado. É o que sempre falo sobre o abuso de CGI em filmes de terror. Às vezes, menos é mais.

Anos atrás, era raro ver um terror independente chegar em grande escala aos circuito comercial (nos EUA, será exibido também em 35mm). O projeto de Shanks não alcança o mesmo nível de elaboração ou impacto narrativo de Titane ou The Substance, mas possui valor de entretenimento suficiente. Há algo de pungente no que Juntos esboça sobre a inevitabilidade da dependência nos relacionamentos românticos, mas o projeto está ocupado demais se divertindo com o próprio conceito para elaborar muito.

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z e Diamond Films.

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