Escrito e dirigido por: Osgood Perkins. Cinematografia de: Nico Aguilar. Estrelando: Theo James, Tatiana Maslany, Christian Convery, Colin O'Brien, Rohan Campbell, Sarah Levy e Adam Scott.
Osgood Perkins vive um bom momento de sua carreira. Menos de um ano após o sublime Longlegs (escrevi sobre aqui), ele mais uma vez retoma a temática da finitude humana, desta vez sob uma ótica completamente diferente. Reminiscente de Premonição, mas com um vago ar niilista que o diferencia das (rasas) preocupações morais daquela franquia que, como tantas do gênero, cometia a falha de se levar a sério demais.
Muitos filmes de terror usam brinquedos e jogos infantis para explorar o contraste entre inocência e horror sobrenatural, seja por meio de um tabuleiro Ouija ou de uma boneca Raggedy Ann. Acredita-se que tal temática iniciou-se em 1907, no filme The Doll's Revenge, no qual um menino presencia a boneca da irmã reconstruir-se e, claro, devorá-lo logo em seguida. Annabelle, Chucky e outros menos célebres sintetizam nossa fascinação cultural pelo processo de atribuir alma a um objeto inanimado.
Baseado no conto do mestre Stephen King, publicado há 45 anos, o projeto estica um fiapo de história num longa de 98 minutos, sem excessos. Roteirizado pelo próprio diretor, o filme acompanha dois irmãos gêmeos, Hal e Bill, que se veem ligados a um macaco de brinquedo que, aparentemente, é o causador de acidentes fatais. Assim sendo, os dois tentam se livrar do boneco ainda na infância. Décadas depois, o objeto ressurge, mais perverso do que nunca.
A participação de Elijah Wood é inspirada, mas peca por criar uma expectativa que nunca é cumprida, pois cria uma pista que jamais leva a uma recompensa. E sou capaz de apostar que o destino do personagem chegou a ser filmado, mas foi descartado na sala de edição ou mesmo eliminado por implicância de algum executivo do estúdio. Nem todas as set-pieces funcionam igualmente bem, mas o longa consegue manter um controle de ritmo de modo que as mortes não se tornam meras punchlines, erro comum do gênero.
Em última análise, creio que o elenco é o maior responsável pelo sucesso do projeto, que se equilibra entre o absurdo e o risível com fluidez admirável. E mesmo para fãs do terror-comédia, Perkins levanta uma questão perturbadora, que perpassa toda sua filmografia. A inevitabilidade da morte, sempre à espreita, é algo que inquieta o cineasta. Mas o mais fascinante em suas obras é a capacidade de encarar o tema e chegar à conclusão que não temos outra alternativa a não ser continuar vivendo. Às vezes, o óbvio precisa ser dito.
Por Bernardo Argollo
Agradecimentos: Espaço Z e Paris Filmes.


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Bernardo Argollo
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