segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Crítica: Os Rejeitados (2023)

Dirigido por: Alexander Payne. Roteiro de: David Hemingson. Fotografia de: Eigil Bryld. Estrelando: Paul Giamatti, Da'Vine Joy Randolph e Dominic Sessa.

Alexander Payne, cineasta até então mediano, dirigiu algumas comédias pouco memoráveis ao longo da carreira. Seu último filme, Downsizing, foi um fracasso de público, crítica e bilheteria. Desta vez, o diretor surpreende com um projeto que está entre os melhores de 2023 e homenageia cinema dos anos 1970. É a segunda vez que Payne dirige um projeto que não foi escrito por ele. Pelo visto, esse é um excelente sinal.

O roteiro acompanha Paul Hunham (Giamatti), professor de História incumbido de supervisionar os alunos que irão passar o natal no campus de um colégio interno da Nova Inglaterra. A razão de aspecto reduzida de 1,66:1, o grão grosso (simulado digitalmente) e a abertura com a antiga vinheta do estúdio ajudam na recriação da época. O filme não apenas se passa há mais de cinquenta anos, como parece ter sido rodado naquela época. Tal efeito já foi tentado em muitos outros projetos, nem sempre com o sucesso visto aqui.

O veterano Paul Giamatti consegue transmitir um mundo de sentimentos apenas com uma sutil mudança no olhar. Especialista em interpretar misantropos, o ator americano é favorecido pelo roteiro, algo que nem sempre aconteceu em seus outros trabalhos (como a série Billions). Infelizmente, alguns dos coadjuvantes acabam soando como o que são realmente: caricaturas. O imigrante, o valentão, o mórmon… Todos estão lá. Mas o que importa mesmo é que o principal, vivido pelo novato Dominic Sessa, tem (bem) mais de uma camada. Ainda bem.

Esperto, o diretor toca em questões políticas, mas nunca as torna o foco da narrativa. Tal atitude só atrapalharia o projeto, cujo centro emocional é a relação entre o professor e seu aluno renegado. Sim, a produção abusa de vários clichês do gênero, mas é doce (e melancólica), sendo um dos melhores filmes "de internato" já feitos. A comédia dramática de Alexander Payne está no mesmo nível de clássicos como Sociedade dos Poetas Mortos (1990) e School Ties (1992).

Por Bernardo Argollo

Agradecimentos: Espaço Z, Universal Pictures e Warner Bros.

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